Em defesa da Reforma Agrária e da democracia, Sem Terra marcham em AL

Os Sem Terra vão marchar cerca de 80 km dialogando com a população das cidades sobre a necessidade e importância da Reforma Agrária para o desenvolvimento social e econômico da cidade e de todo o país.

 

Por Gustavo Marinho
Da Página do MST

1500 trabalhadores e trabalhadoras Sem Terra de Alagoas iniciaram na manhã dessa segunda-feira (25), uma caminhada da cidade de União dos Palmares até a capital Maceió.

O ato político de lançamento da Marcha em Defesa da Reforma Agrária, da Democracia e Contra o Golpe, aconteceu na cidade de União dos Palmares e contou com a presença de diversos movimentos populares e autoridades alagoanas.

Entre eles, Comissão Pastoral da Terra (CPT), Movimento de Luta pela Terra (MLT), Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST), Movimento Terra Trabalho e Liberdade (MLT), Movimento Via do Trabalho (MVT), Movimento Unidos Pela Terra (MUPT) e Movimento Terra Livre (MTL).

Os Sem Terra vão marchar cerca de 80 km dialogando com a população das cidades sobre a necessidade e importância da Reforma Agrária para o desenvolvimento social e econômico de Alagoas e de todo o país.

“É mais um importante momento da luta unitária dos movimentos de luta pela terra de Alagoas. Marchamos denunciando a concentração e a grilagem de terras e riqueza, os prejuízos históricos da cana-de-açúcar e a ameaça do eucalipto em nosso estado”, destacou Josival Oliveira, do MLST. 

A Marcha também relembra os 21 Sem Terra assassinados há 20 anos no Massacre de Eldorado dos Carajás, no Pará, o caso que ficou internacionalmente conhecido é marcado na agenda de luta dos camponeses, que todos os anos realizam ações no mês de abril denunciando a impunidade no caso e a violência no campo.

Para Carlos Lima, da CPT, o Massacre de Carajás não é um fato isolado da nossa história, “o agronegócio continua massacrando e matando trabalhador e trabalhadora até os dias de hoje. Somente nos primeiros meses de 2016 já atingimos o número de 11 assassinatos no campo brasileiro. O Estado segue silencioso e omisso”, lamenta. 

“O crescente número de mortes no campo é sustentado pela impunidade e pela não realização da Reforma Agrária. Nossa luta é em memória a todos os lutadores e lutadoras tombados pelas mãos do latifúndio em nosso país”, afirma Lima.

Grupo João Lyra

Iniciando na cidade de União dos Palmares, onde recentemente os camponeses realizaram uma mobilização exigindo a destinação das terras da massa falida do Grupo João Lyra para fins de Reforma Agrária, os Sem Terra relembram que essa ainda é uma pauta das ações dos movimentos.

O Grupo que teve falência decretada há sete anos, tem uma dívida de aproximadamente R$ 2,1 bilhões. Hoje as áreas onde antes eram tomadas pela cultura da cana-de-açúcar e da exploração de trabalhadores, hoje dá espaço para o acampamento de milhares de Sem Terra que já produzem, vivem, se organizam e resistem.

“Nós queremos celeridade no processo de desapropriação dessas terras para assentar as famílias que hoje vivem acampadas. Nossa disposição é de seguir mobilizados e em luta até que o Estado, o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e o Ministério Público do Trabalho se mobilizem e resolvam nossa situação”, afirmou Marcos Antônio Marrom, da Via do Trabalho.

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Em defesa dos direitos sociais

As fileiras da Marcha também pautam a defesa da democracia e dos direitos sociais conquistados pelo povo brasileiro, além de denunciar a tentativa de golpe em curso pelo poder judiciário, legislativo e midiático.

“Nós continuaremos em luta na defesa do povo brasileiro, defendendo a democracia, contra os ataques da elite conservadora do nosso país que tentam a todo custo atacar os trabalhadores e trabalhadoras, com a retirada de direitos e a criminalização dos movimentos sociais”, afirma Débora Nunes, do MST.
 
Segundo Débora os movimentos de luta pela terra estarão permanentemente mobilizados e vigilantes contra qualquer retrocesso no campo social e trabalhistas que foram conquistados com muita luta.
 
“Não vamos admitir que o que há de pior no cenário político brasileiro, sustentado por posturas reacionárias, ameacem o que a classe trabalhadora conquistou com muita pressão e mobilização aos governos. As ruas continuarão ocupadas pelo povo organizado que não aceita mais um golpe em nossa história.”

Atividades em Marcha

Em todas as cidades que a Marcha deve passar, os trabalhadores e trabalhadoras realizam diversas ações que possibilitem o diálogo e o debate com a população.

Cinema na Terra, intervenções artísticas e culturais devem dar o tom para a aproximação dos marchantes com os moradores e moradoras das cidades.

Ainda durante a Marcha os camponeses lançam o Comitê Estadual da Campanha Contra o Uso dos Agrotóxicos e Pela Vida, no Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Alagoas, além de um ato político-cultural no Campus A. C. Simões da Ufal em Maceió, essas atividades estão previstas para o próximo dia 28 (quinta-feira).