Juventude escracha os inimigos da Reforma Agrária e da democracia

Durante a marcha, foi realizado várias intervenções de escrachos a órgãos e instituições, que historicamente são responsáveis por criminalizar o MST e as lutas sociais, como a sede do Jornal Tribuna do Norte.

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Da Página do MST
Por Jailma Lopes

 

Nessa terça feira (27), a Juventude Sem Terra e a juventude da cidade que fazem parte da Frente Brasil Popular, como o Levante Popular da Juventude e as mulheres jovens da Marcha Mundial das Mulheres, realizaram escrachos durante a Marcha Potiguar Pela Reforma Agrária Popular, em Defesa da Democracia e Contra o Golpe. Seguindo pelas ruas de Natal, colocaram na rua o debate pela Reforma Agrária Popular, da Democracia e da Violência no Campo.

 

A Marcha seguiu da Zona Norte, bairro popular da região de Natal, onde está boa parte da classe trabalhadora de Natal, que sofrem diariamente com a precarização do trabalho, o aumento do desemprego, o extermínio da juventude e com o sucateamento do transporte público; passando pelo centro da cidade, principal símbolo da especulação imobiliária, rumo a região leste, onde está localizado o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), que foi ocupado por tempo indeterminado.

 

Durante a marcha, foi realizado várias intervenções de escrachos a órgãos e instituições, que historicamente são responsáveis por criminalizar o MST e as lutas sociais, como a sede do Jornal Tribuna do Norte, de uma das principais oligarquias do Rio Grande do Norte, a família Alves, além da própria Globo e as demais emissoras, que tentavam cobrir a marcha.

 

“O povo não é bobo, abaixo a rede globo! Mídia, golpista, sensacionalista! Democratize Já!…” Foram algumas das mensagens que deram o tom das denúncias e anúncios que nortearam as palavras de ordem, pichações, lambes, músicas e falas política da juventude do campo e da cidade.

 

Para juventude, “o escracho constitui um método de ação direta, histórico, de constranger e apontar o dedo na cara dos reais responsáveis pelo que a classe trabalhadora passa, mostrando que esses, historicamente, são os mesmos e têm nome e sobrenome, cor e classe!”, dispara Érica Rodrigues, da juventude do MST.

 

Assim, foi escolhido como alvo a “Rede Globo de Manipulação” como o símbolo do golpismo e do sensacionalismo seletivo da mídia burguesa, além de fazer memória ao seu papel histórico de articuladora de golpes, como foi o empresarial militar em 64, e o empresarial institucional, atualmente em curso.

 

Além disso, para Erica Rodrigues, a globo e as demais mídias burguesas, historicamente têm sido responsável por criminalizar e manipular tudo que se refere aos movimentos populares do campo e da cidade, as periferias, a juventude, em mercantilizar a vida e o corpo mulheres, e agente ativo na disseminação do machismo, do racismo, da LGBTfobia, e demais opressões que atingem todos os símbolos e a diversidade do povo brasileiro.

 

“O monopólio e manipulação da informação, sempre foi uma ameaça e um impedimento da democracia plena, por isso, a democratização da comunicação é uma pauta que deve estar na ordem do dia do conjunto da esquerda”, destaca.

 

Na mesma perspectiva, Mara Farias, do Levante Popular da Juventude, diz que “em meio a todo esse cenário político, seguir construindo nossas próprias formas de comunicação e de diálogo com a sociedade, com o trabalho de base, corpo a corpo, no campo, nas periferias, nas universidades, e no maior número de locais possíveis, deve ser prioridade para esquerda.”

 

“Se calarmos, as pedras gritarão!”

Assim como a mídia burguesa, outro alvo apontado para escrachos que a juventude realizou, foi o Poder Judiciário, onde foi feita memória e denúncia aos 20 anos de impunidade do Massacre de Eldorado dos Carajás, e aos Sem Terras potiguares assassinados nos últimos anos em que a violência no campo só se acirra, como os companheiros Leonardo Silva (há quatro anos) e Civan e Chacal (há dois anos).

 

“Seguiremos em luta por nossos mortos, e exigimos que o poder judiciário responsabilize os culpados”, destacou Maria.

 

“Lutar não é crime! ”

Também foi denunciado o processo de criminalização no Rio Grande do Norte à militância Sem Terra, por todas as ações de luta do Movimento.

 

“Lutar não é crime! O poder judiciário não nos intimidará, nem nos limitará em seguir nossas lutas, em que fazem questão de tipificar nossa militância como criminosos ou formadores de quadrilha, nossa resposta vai ser com mais luta!”, falavam os Sem Terra em intervenção política.

 

“Senhores barões da terra, preparai vossa mortalha…”

Outro alvo de escracho, foi a Câmara Legislativa do Rio Grande do Norte, em que a marcha passou para dar o recado que o povo potiguar não perdoará os que seus familiares oligarcas, deputados federais, fizeram no último dia 17, quando sete dos oito deputados votaram a favor do golpe.

 

“Exigimos a câmara legislativa se posicionem a favor do povo potiguar e não seja conivente com essa posição que não representa as expressões de luta que tem mobilizado todo o estado. Estamos passando para dar o recado, que esse sistema político, em todas as esferas, é incapaz de ver além dos interesses dos que financiam vossas campanhas, e que a expressão disso é ratificação do Rio Grande do Norte, como o estado mais oligárquico do país!”, disparou Erica.

 

“Seguiremos em luta pela necessidade de uma assembleia constituinte, que faça uma reforma profunda do nosso sistema político”, interviu enquanto colavam fotos dos deputados federais que votaram a favor do golpe.

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Juventude Sem Terra em luta!

Programação da Jornada

A Jornada segue com cerca de 500 famílias Sem Terras acampadas no Incra e com a solidariedade do povo da cidade, com uma série de atividades formativas, e educativas-culturais, para os sem terrinhas, a juventude, os adultos e idosos.

 

O acampamento ficará por tempo indeterminado até a volta do Superintendente do Incra e sinalizações concretas para as famílias, principalmente, as prioridades do movimento, que são famílias que estão há mais de 12 anos acampadas.

 

Estão sendo realizadas uma série de atividades no acampamento e, paralelamente, em vários pontos da capital como trabalho de base, convocando a sociedade para se preparar para os tempos de mais acirramento da luta de classes.

 

Veja a programação:

Na quarta (27): oficinas para todas e todos para o acampamento de teatro do oprimido, música, batucada, produção de materiais, e paralelamente, audiência na câmera legislativa sobre “A juventude na defesa da democracia”; às 15h, no acampamento, roda de conversa com Tico Santa Cruz no acampamento sobre “A juventude e protagonismo político”.

 

Quinta (28): aula pública sobre “20 anos do Massacre de Eldorado dos Carajás: realidade de impunidade e violência no campo”, no acampamento.

 

Sexta (29): no acampamento, momento de estudo e zelo das normas, valores e princípios organizativos do MST; e caminhada das Trabalhadoras e trabalhadores do campo e da cidade em defesa da democracia e por nenhum passo atrás.

 

Sábado (30): no acampamento debate sobre “As relações de gênero e a sociedade que queremos construir”; e lançamento nos bairros de comitês pela democracia.

 

A programação de formação seguirá de acordo com a dinâmica da jornada, e propõe-se além de ser uma jornada de luta, ser uma escola de formação, em que foram elencados temas como Organicidade: normas gerais, valores, princípios organizativos, Atualidade da luta pela terra e a reforma agrária popular, Conjuntura política e Pontes para futuro, Juventude, Democratização dos meios de comunicação, Programa agrário, Gênero, Violência no campo  etc.