Em Porto Alegre, Prêmio Nobel da Paz denuncia golpe brando contra a democracia brasileira

O argentino Adolfo Pérez Esquivel veio ao Brasil a convite do MST e participou do Ato Unificado do 1º de Maio na Capital gaúcha.
Esquivel fez palestra sobre Direitos Humanos e Democracia na América Latina. Foto Leandro Molina.jpg
Esquivel fez palestra sobre Direitos Humanos e Democracia na América Latina. Fotos Leandro Molina 

 

Por Catiana de Medeiros
Da Página do MST

O Prêmio Nobel da Paz, Adolfo Pérez Esquivel se reuniu este final de semana com lideranças políticas do Partido dos Trabalhadores (PT),  Partido Comunista do Brasil (PCdoB), Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) e de movimentos sociais da Frente Brasil Popular e Frente Povo Sem Medo, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. O argentino veio ao Brasil a convite do MST e chegou na capital gaúcha no último sábado, após ter se encontrado com a presidenta Dilma Rousseff em Brasília e ter cumprido agenda no Paraná.

Diante da conjuntura política que vive o Brasil, Esquivel afirmou que o golpe em curso no país é uma ameaça a todo o continente latino-americano e que se assemelha ao ocorrido em Honduras e no Paraguai. “É um golpe brando para entregar nossos bens nacionais e fomentar uma recolonização. Ele não vem simplesmente para tomar o poder. O problema é bem mais profundo”, alertou.

 

O Prêmio Nobel da Paz esteve reunido com lideranças da Frente Brasil Popular e Frente Povo Sem Medo. Foto Leandro Molina.jpg
O Prêmio Nobel da Paz esteve reunido com lideranças da Frente Brasil Popular e Frente Povo Sem Medo

O ativista de direitos humanos ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 1980. Ele declarou que veio ao Brasil como “irmão” para defender os direitos humanos e sociais e que o povo da América Latina precisa reagir aos ataques que vem sofrendo. Esquivel ainda apontou que a organização social deve ser diversa e criticou o “monocultivo de mentes”. “A dominação começa pela cultura, e necessitamos de resistência para caminhos alternativos. Temos que replantar uma nova democracia”, disse.

Neste domingo, o argentino participou do Ato Unificado do 1º de Maio, no Parque da Redenção. Ele definiu a data como um dia que marca a luta por uma vida mais digna. Segundo ele, “o povo tem direito à sua soberania e à um desenvolvimento mais justo, e não à imposição do autoritarismo”. “Muita força e esperança ao povo brasileiro. Estejamos sempre de pé para defender nossa soberania”, motivou.

 

No Ato Unificado do 1 de Maio, Esquivel motivou o povo brasileiro a continuar sua luta em defesa da democracia. Foto Thiago Koche.JPG
No Ato Unificado do 1 de Maio, Esquivel motivou o povo brasileiro a continuar sua luta em defesa da democracia. Foto Thiago Koche

Depois do ato, acompanhando do dirigente estadual do MST, Cedenir de Oliveira, Esquivel visitou o Assentamento Capela no município de Nova Santa Rita, onde provou alimentos orgânicos da reforma agrária e conheceu a estrutura da Cooperativa de Produção Agropecuária Nova Santa Rita (Coopan). Integrantes do MST também apresentaram a ele a tradição gaúcha e músicas que acompanham as lutas do Movimento.

Finalizando seu roteiro no RS, na manhã desta segunda-feira (2), Esquivel foi recepcionado pelo deputado estadual Edegar Pretto (PT) na presidência da Assembleia Legislativa. No Plenarinho do parlamento gaúcho ele fez palestra sobre Direitos Humanos e Democracia na América Latina, ocasião em que, mais uma vez, manifestou seu apoio e solidariedade ao povo brasileiro. “Uma democracia significa dignidade, direitos e igualdade para todos e não somente para alguns. Precisamos de resistência social, política e cultural”, concluiu.