MST bloqueia rodovias do Distrito Federal em defesa da democracia

Atos integraram o conjunto de paralisações realizadas neste dia 10 de maio em todo o país contra o golpe parlamentar em curso e ameaça aos direitos sociais
13221064_1117243245015055_7993662575734904721_n.jpg

 

Por Lizely Borges
Da Página do MST

 

Integrantes do MST e de Luta pela Terra (MLT) trancaram as BRs 020 e 070 no Distrito Federal, na manhã dessa terça-feira (10), em protesto ao golpe parlamentar de destituição da presidenta Dilma Rousseff e à ameaça de retrocessos aos direitos sociais conquistados pela luta popular.

Cerca de 600 militantes impediram o deslocamento de automóveis nas rodovias que ligam a capital federal aos estados do norte e nordeste do país. As paralisações integram o conjunto de manifestações pelas capitais contra o golpe e em defesa da democracia.

“O objetivo da paralisação é dar os seguintes recados a esta conjuntura: paralisar a rodovia para a classe dominante entender que os movimentos sociais têm condições de parar o Brasil, que não aceitamos nenhum retrocesso nos direitos sociais conquistados, que não legitimaremos como presidente quem não foi eleito pelo voto e que defendemos a democracia”, destaca Marco Antônio Baratto, da direção do MST/DF.

 

Os militantes se deslocaram de acampamentos e assentamentos rurais do Distrito Federal e nordeste goiano e, por meio de pneus em chamas, paralisaram as rodovias no período das 6h às 8h da manhã, nos dois sentidos da rodovia.

A reivindicação por uma reforma agrária efetivamente popular também esteve presente nos atos. Segundo a coordenadora do MST no Distrito Federal, Edineide Rocha, cerca de 5 mil famílias estão em acampamento à espera da terra.

Em Goiás a estimativa é de 5 a 8 mil famílias: “Esta paralisação é para mostrar a indignação da classe trabalhadora. Não aceitamos este contexto político em que senadores e deputados não representam a nossa classe e não respeitam a democracia.

Nos últimos anos a reforma agrária não avançou, o resultado foi o aumento do número de famílias à espera da terra. Mas não vamos aceitar retrocessos na reforma agraria, retrocesso que é pauta da direita que articula este golpe”.

A rua como espaço de luta

Para a organização dos atos, é fundamental que a classe trabalhadora, como sempre fez, ocupe as ruas e reafirme este lugar como espaço de luta pela garantia de direitos. “Nós entendemos que cada rua aberta, cada rede de energia instalada, cada escola construída foi feita porque o povo obrigou o Estado a fazer. Viemos para a rua para denunciar o conjunto de violências para todo o povo.

A vida no Brasil não é apenas a do povo do campo, será o conjunto de brasileiros que sofrerá com as medidas de perda da seguridade social, da estabilidade democrática, dos retrocessos. Estamos aqui para deixar claro – o povo não vai se deixar enganar”, afirma Tatiano Tavares, da coordenação nacional do MLT.

Com a afilhada Valentina no colo, a coordenadora do MST em Goiás, Meire Leandro, de deslocou do acampamento Formosa, a 30 quilômetros do local da paralisação. “Temos que tomar as ruas porque a reforma agrária não aconteceu. Se acontecesse, se a democracia fosse respeitada, a gente não precisava estar aqui. Trazemos as nossas crianças para a luta. Os outros veem como sofrimento, a gente vê como honra”, diz Meire.

Próximos mobilizações

Nesse dia (11), dia previsto para a finalização da votação do processo do impeachment, movimentos de trabalhadores rurais das regiões do Distrito Federal e Goiás se concentram às 16h, no Ginásio Nilson Nelson, em Brasília, para marcharem em direção ao Palácio do Planalto. A atividade é uma construção conjunta do MST, Via Campesina, Movimento dos Pequenos Agricultores e Atingidos por Barragens. 

Outras atividades serão realizadas nos próximos dias pelas Frentes Brasil Popular e Povo sem Medo. Veja aqui as atividades.