Editorial: Impeachment sem crime agrediu democracia

Nem na Câmara nem no Senado se apresentaram provas concretas que incriminem Dilma Rousseff.

golpe.jpg

 

Do Brasil de Fato 

Esta quinta-feira (12) ficará na memória do povo brasileiro como o dia em que o voto de 54 milhões de eleitores foi desprezado e, por meio de um golpe, a primeira mulher eleita presidente do Brasil foi afastada.

Em cumprimento a um rito que agride nossa democracia, o então presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), encaminhou o processo do impeachment ao Senado.

Lá, a decisão da maioria foi favorável ao parecer do relator da Comissão Especial, Antonio Anastasia (PSDB-MG), que dá continuidade ao processo por considerar que Dilma praticou crime de responsabilidade. Com essa decisão, ela é afastada por até seis meses, até que haja a votação final, que decidirá pelo impeachment ou não.

No entanto, nem na Câmara nem no Senado se apresentaram provas concretas que incriminem Dilma Rousseff e que a impeçam de exercer seu mandato até o final.

Acusam-na pelas pedaladas fiscais, porém, se isso fosse considerado crime, o impedimento também seria para Temer e para 16 dos atuais governadores. Se não bastasse, o próprio Anastasia também utilizou as pedaladas no governo de Minas Gerais.

O que vem sendo orquestrado é tão absurdo, que quem acusa são os que cometeram os crimes dos quais a presidente é acusada! Ou seja, para ela vale, para eles não!

Se os fundamentos de acusação são precários, a origem do golpe não é. Sustenta-se no realinhamento do Brasil com os interesses dos Estados Unidos, na criminalização das lutas sociais e na retirada dos direitos dos trabalhadores.

O indicativo do que será o novo governo está desenhado no programa “Ponte para o Futuro” que reúne interesses do capital internacional e permite que ele faça o que sempre quis: privatizar, não permitir que o Brasil se desenvolva como nação soberana e aumentar a exploração de maneira inédita.

Não é hora de desanimar! Neste cenário é fundamental não só mantermos, mas intensificarmos as mobilizações contra o golpe propostas pela Frente Brasil Popular, pela Frente Povo sem Medo e por inúmeras iniciativas de artistas, estudantes, religiosos e intelectuais.

O sentimento de que fomos traídos e golpeados se espalha e é nas ruas que travaremos grandes combates denunciando os golpistas e o modelo econômico anti-popular a ser adotado por Temer.

Nossa luta segue e, com olhar altivo, seguiremos em alerta contra o retrocesso em nosso país!