Interino, Ilegítimo, machista e patriarcal

Confirmados os nomes de sua equipe, Temer será o primeiro presidente (interino) desde Ernesto Geisel a não nomear nenhuma mulher ocupar uma cadeira em Brasília.
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Por Maura Silva
Da Página do MST

Assim vem sendo chamada a nova composição de governo do então presidente interino Michel Temer (PMDB). Confirmados os nomes de sua equipe, na tarde dessa quinta-feira (12), Temer será o primeiro presidente (interino) desde Ernesto Geisel – que presidiu o país durante a ditadura militar de 1974 a 1979 -, a não nomear nenhuma mulher para ocupar uma cadeira em Brasília. 

Estão em sua lista nomes como de Eliseu Padilha, Romero Jucá, Geddel Vieira Lima, José Serra, Moreira Franco e Henrique Eduardo Alves, todos aliados bem próximos a Temer e que se enquadram no perfil, homem, hétero, branco e rico. 

Para a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS), esse é o retrato do governo Temer, que de tão ilegítimo, já nasce a base da exclusão.

“A ausência de mulheres é um indício claro do tipo de governo que Michel Temer vai implantar no país. Uma bancada excludente que vai governar para poucos.Não devemos criar nenhum tipo de ilusão. Com essa composição, nós, mulheres, seremos as primeiras afetadas, seguidas dos negros, LGBTs, indígenas, quilombolas e todos aqueles que não se enquadram no padrão de um governo comandado pelo PMDB”, diz. 

Maria do Rosário, que em 2014 foi agredida pelo deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) – à época, o progressista disse que não estuprava a parlamentar porque ela “não merece”-, afirma que o momento é de luta e unidade para que um governo de retrocessos não seja estabelecido nos próximos dois anos. 

“Esse é um momento de mobilizações, é nas ruas que vamos enfrentar o machismo, o patriarcado, a homofobia e tudo aquilo que ameaça a classe trabalhadora do país”, finaliza.

Já para Tica Moreno da Marcha Mundial das Mulheres (MMM), não é surpresa que um grupo de pessoas que acionam um pleito ilegítimo governem baseados na falta de representatividade. 
    

“Essa composição só deixa claro que o golpe além de antidemocrático é patriarcal, machista e patronal. A falta de indicações de mulheres é mais um elemento que mostra que o governo Temer não representa a população brasileira. O processo de impeachment foi conduzido por Eduardo Cunha, um dos protagonistas nos projetos mais reacionários em relação ao direito das mulheres no Brasil. Foi uma farsa referendada pelos setores mais conservadores, preconceituosos e reacionários do país. Um governo ilegítimo que não será reconhecido”, afirma.

Kelli Mafort, da coordenação nacional do MST, segue na mesma linha. Para ela a composição dessa equipe revela que muitos segmentos da sociedade não estão representados no governo interino de Temer.

“O governo Temer não pode ser reconhecido pelo povo brasileiro porque não foi eleito democraticamente. Não tem mulher, negro, LGBT, indígena, quilombola. As pessoas que deveriam pensar nessas esferas da população estão preocupadas com um elemento único, seus próprios interesses. Para Temer e todos aqueles que apoiam esse governo ilegítimo, as mulheres devem ser ‘belas recatadas e do lar’”, finaliza. 

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as mulheres representam 52% da população do país. 

A levar em conta os governos petistas a participação feminina foi maior. No governo Lula (2003-2010), foram 11 mulheres no ministério, já no governo Dilma (2011-2016), foram 15. 

Veja aqui uma lista feita pelo AzMina com 10 mulheres gabaritadas que Temer poderia indicar como ministras de seu governo interino, algumas, inclusive, são do próprio partido de Temer, o PMDB.