Camponeses apostam nas plantas medicinais para prevenir doenças respiratórias

Além de participar da palestra, os assentados e assentadas aprenderam em oficina a produzir própolis, um remédio natural que auxilia no combate de algumas doenças que podem surgir no período de inverno.
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Por Catiana de Medeiros
Da Página do MST

 

Visando a prevenção da saúde, camponeses e camponesas de assentamentos do município de Nova Santa Rita, na região Metropolitana de Porto Alegre, participaram na última quinta-feira (13) de uma palestra sobre doenças respiratórias e plantas medicinais, realizada na Unidade Básica Estratégia da Saúde da Família Rural Marisa Lourenço da Silva, no Assentamento Santa Rita de Cássia II.

A atividade é fruto da parceria entre o MST, a Cooperativa de Trabalho em Serviços Técnicos (Coptec) e a Secretaria Municipal de Saúde.

A palestra foi ministrada pela enfermeira Scheila Alves, que falou das características e diferenças existentes entre as doenças respiratórias mais comuns nos dias frios do ano, como a gripe e o resfriado.

“Ambos são causados por vírus, a diferença é que o resfriado não gera febre”, explica Scheila, acrescentando que os chás naturais, quando ingeridos quentes, são grandes aliados no combate às irritações na garganta e à tosse.

A enfermeira ainda tirou dúvidas dos Sem Terra sobre as plantas medicinais e o modo de preparo. A discussão envolveu também a troca de práticas caseiras que auxiliam na prevenção de doenças respiratórias. “É muito importante retomarmos iniciativas como esta, que debate a saúde que queremos e como podemos alcançá-la através das plantas medicinais”, destaca Scheila.

Além de participar da palestra, os assentados e assentadas aprenderam em oficina a produzir própolis, um remédio natural que auxilia no combate de algumas doenças que podem surgir no período de inverno.

Segundo a camponesa Loia Oliveira de Mattos, a troca de conhecimento sobre as plantas medicinais é fundamental para manter viva a tradição das gerações passadas de buscar a cura para enfermidades em aliados naturais, e deve ser repassada aos jovens e estimulada nas escolas.

“Temos testemunhos de várias famílias que curaram doenças através das plantas. Precisamos manter essa esperança de ter a cura em casa, usando medicamentos naturais e dependendo cada vez menos dos remédios industrializados”, aponta Loia.

Os Sem Terra encerraram o dia de estudos com plantio de mudas no horto medicinal, que foi construído pelas famílias do assentamento no pátio da Unidade Básica de Saúde. Conforme Sandra Rodrigues, assistente social da Coptec, a intenção é que a iniciativa ajude a manter a diversidade e a estimular o uso de plantas medicinais, seja por meio de pomadas, xaropes ou tinturas. “O horto foi construído pelas famílias assentadas e pode ser utilizado por toda a comunidade”, argumenta.

Enfrentamento à conjuntura política

Anterior às atividades, os participantes refletiram sobre a atual conjuntura política do país e a relacionaram ao período da ditadura militar, quando a população brasileira sofria com fortes repressões, baixos salários e alto índice de desemprego.

Para eles, a postura golpista do Congresso Nacional em relação à presidenta Dilma Rousseff representa a retirada dos direitos conquistados pela classe trabalhadora. Os Sem Terra ainda questionavam: “como é possível termos essas pessoas como nossos representantes?”, se referindo aos políticos da Câmara e do Senado Federal.

“Só sabe da vida dura no campo quem aqui vive. É por isso que lutamos incansavelmente por políticas públicas e por um mundo mais justo.

Quem está no governo hoje vai incentivar o agronegócio, e quem vai perder somos nós, os pequenos agricultores. Como se não bastasse, vamos ter mais 30 anos de pedágios no estado por causa de uma política de retrocesso adotada pelo governador peemedebista José Ivo Sartori”, diz a camponesa Juraci Lima.

Ao mesmo tempo, os assentados e assentadas trocaram palavras de otimismo e apoio para enfrentar os próximos 180 dias em que Dilma poderá ser mantida afastada da presidência da República, com um governo federal liderado pelo presidente interino Michel Temer (PMDB).

“Vamos voltar àquele tempo de perder companheiros na luta, assim como aconteceu com Roseli Nunes na fazenda Annoni, não sendo acidente. Mas não podemos desanimar da luta”, finaliza Juraci.