Durante ação de despejo, Sem Terra denunciam abuso de poder do judiciário na Bahia

O latifúndio foi ocupado no dia 19 de fevereiro deste ano. Na ocasião, as famílias denunciaram a situação improdutiva da fazenda, o abuso e a exploração dos trabalhadores da região.
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Por Coletivo de Comunicação do MST na Bahia

Na manhã dessa terça-feira (17), cerca de 130 famílias Sem Terra do Acampamento Bruna Araújo tiveram que abandonar, mais uma vez, seus lares para cumprir uma liminar de despejo espedida pela justiça local.

As famílias estavam acampadas na fazenda Changrilá, de 1.400 hectares, localizada no córrego Bom Sucesso, em Jucuruçu, na região do extremo sul baiano. A fazenda faz parte de um conjunto de propriedades de Álvaro Pereira Filho, mais conhecido como Álvino Para Todos, que possuí outras áreas nos municípios de Itanhém e Jucuruçu.

O latifúndio foi ocupado no dia 19 de fevereiro deste ano. Na ocasião, as famílias denunciaram a situação improdutiva da fazenda, o abuso e a exploração dos trabalhadores da região.

Além disso, denunciaram também, as práticas de destruição das florestas e da biodiversidade, com queimadas e aplicação de veneno nas terras.

Abuso de poder

Esse é o quinto despejo que as famílias do acampamento recebem em menos de um ano, porém desta vez, os trabalhadores foram obrigados a ficar 10 km de distância da fazenda, anteriormente eram cinco.

As famílias despejadas afirmam ainda, que sofreram ameaças de morte na região e procuraram a delegacia local, porém não obtiveram nenhuma resposta.

“Já denunciamos várias vezes às autoridades políticas e judiciárias da região, mas a única resposta que obtivemos até o momento são as liminares de despejo e os abusos de poder por parte do sistema”, explicam.

Além disso, relatam que os textos contidos nas liminares de despejo são uma afronta a dignidade dos trabalhadores e tem como objetivo criminalizar a luta dos movimentos sociais.

“Nas primeiras liminares nos proibiram de levar vários de nossos pertences e até nos chamaram de vagabundos. Desta vez, nos retiraram da terra, nos deixaram sem lares e além disso, nos proibiram de visitar nossos familiares que vivem no município vizinho, situado a 7 km do acampamento”.

Concentração

Segundo a direção estadual do MST na Bahia, no decorrer do ano de 2015 houve um aumento significativo nos índices de violência no campo e da concentração de terras improdutivas na região de Jucuruçu, por outro lado, o processo de desapropriação diminuiu.