Governo Beto Richa despeja 1,2 mil famílias Sem Terra no PR

Em nota, MST denuncia o aparato repressivo do Estado e exige medidas imediatas contra a violência.
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Da Página do MST 

 

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra vem a público informar que na manhã dessa quarta-feira (18), um grupo de 650 Policiais Militares e Civis, se deslocaram para o município de Santa Terezinha do Itaipu, região oeste do Paraná, a mando do governador do Estado, Beto Richa, e do secretário Chefe da Casa Civil do Paraná, Valdir Rossoni, para despejar as famílias do acampamento Sebastião Camargo, localizado na ocupação Fazenda Santa Maria.

A fazenda ocupada em março deste ano por 1,2 mil famílias Sem Terra, pertence aos irmãos Licínio de Oliveira Machado Filho, presidente da Etesco, e a Sérgio Luiz Cabral de Oliveira Machado, ex-presidente da Transpetro, ambos envolvidos no desvio de dinheiro público na Petrobrás, citados nas delações do doleiro Alberto Youssef e do lobista Fernando Moura, durante as investigações da Operação Lava Jato, da Policia Federal.

A mesma Polícia Militar, que realiza essa ação a mando do Rossoni, assassinou, em emboscada, no dia 7 de abril desse ano, a tiros de pistola e fuzil pelas costas, os integrantes do MST, Vilmar Bordim, 44 anos, e Leonir Orback, 25 anos, no acampamento Dom Tomás Balduíno, em Quedas do Iguaçu. A polícia também feriu, gravemente, outros dois integrantes do Movimento, Pedro Francelino e Henrique Gustavo Souza Pratti.

A área do acampamento, que já foi decretada pela justiça como pertencente à União, foi atacada após o Deputado Rossoni assumir a Chefia da Casa Civil do Governo do Paraná.

Rossoni que, coincidentemente, esteve em visita ao município de Quedas do Iguaçu, no dia 1 de abril de 2016, acompanhado do Secretario de Segurança Publica do Paraná, Wagner Mesquita e de representantes da cúpula da policia do Paraná e que determinou o envio de um contingente de mais de 60 PMs para Quedas do Iguaçu.

 

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Esses casos recentes de violência contra trabalhadores Sem Terra, por parte do Governo do Paraná, Policia Militar e Policia Civil, são muito semelhantes aos vividos no segundo mandato do ex-governador Jaime Lerner (1999 a 2003), onde centenas de famílias do MST passaram a ser aterrorizadas, torturadas, ameaçadas. 

Foram mais de 120 despejos, cerca de 470 prisões arbitrárias e 16 mortes de membros do Movimento. Uma política orquestrada pela elite paranaense, que se apropriou do aparelho de repressão do Estado, em aliança com o Poder Judiciário e a mídia, atendendo os interesses dos fazendeiros proprietários de terras, com o objetivo de criminalizar e desmoralizar a luta pela Reforma Agrária. Uma luta justa e que sempre foi tratada como questão policial e não uma questão social.

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Por fim, exigimos e afirmamos:

– O imediato afastamento da Policia Militar no tratamento da questão agrária. Chega de violência, prisão, assassinatos e despejos.

– Que o Governo Estadual, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), e o Governo Federal, destine terras para assentar as 10 mil famílias acampadas no Paraná.

– Alertamos as autoridades estaduais que, os governos que utilizaram do aparelho do Estado para reprimir os problemas sociais ficaram marcados na história como bárbaros, tiranos, sanguinários, violentos e que, nem por isso, conseguiram sufocar e enfraquecer a luta dos camponeses para o acesso à terra, a produção de alimentos saudáveis, educação e garantia de direitos sociais.

 

Paraná, 17 de maio de 2016.