Mesmo sob cerco polícial, Sem Terra decidem reocupar fazenda em MG

Segundo relatos de uma das dirigentes estaduais, a polícia agiu com violência, agredindo deliberadamente as mulheres que estavam no local.
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Da Página do MST

As famílias sitiadas pela polícia na antiga usina Ariadnópolis, em Campo do Meio, Minas Gerais, pretendem reocupar a sede da fazenda em resposta ao despejo arbitrário realizado pela polícia militar na madrugada dessa sexta-feira (20).

“Enquanto o conflito existir, ocupar é o dever dos trabalhadores, o conflito não se encerra com despejo”, confirmou Silvio Neto, da direção estadual.

Segundo relatos de uma das dirigentes estaduais, a polícia agiu com violência, agredindo deliberadamente as mulheres que estavam no local.   

“Usaram da violência, bateram em nossos companheiros, todos que tentaram resistir apanharam”, afirmou a dirigente que, por questão de segurança, preferiu não se identificar.

Ela relatou ainda que uma das Sem Terra foi agredida por dois policiais. “Ela foi violentamente abordada por dois policiais com gravatas no pescoço, levou socos no rosto. Eu mesmo levei duas cacetadas e a cavalaria passou por cima de nós, de nossas crianças. Eles entraram para dentro da usina e estão montando a base de resistência deles, nós estamos para o lado de fora, sem água e sem alimentação por enquanto”, denunciou.

O MST exige agilidade do governo estadual e segurança para as famílias que estão no conflito. “Não aceitamos a violência do estado contra os trabalhadores e exigimos que a área não seja entregue a jagunços e criminosos que se dizem proprietários da ex-usina”, cobrou Silvio.

 

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Entenda o caso

A sede da usina possui decreto para fins sociais, para se tornar um centro de ensino da educação do campo, já o terreno está decretado por utilidade pública, para criação de cooperativa, colônia de povoamento e trabalho agrícola.

A ação da polícia foi realizada sem o conhecimento e autorização do governo de Minas Gerais. O comandante usa como argumento uma antiga liminar de despejo emitida antes da publicação dos decretos, porém nada pode justificar tamanha violência.

O conflito na usina se estende por longos dezoito anos, deixando as 600 famílias que resistem acampadas em situação de vulnerabilidade.

Trata-se de uma área que possui uma dívida com o Estado 3 vezes maior que seu valor real e o decreto de desapropriação deveria ter solucionado o conflito. A efetivação desta ação só foi possível porque dentro do Estado há setores alinhados com a conjuntura nacional, que articulam para perpetuar a questão, tentando expulsar os Sem Terra da área conquistada.

 

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