Em nota, Via Campesina repudia estupro de adolescente no Rio

Culpada, culpada e culpada, acusação contra vitima, característica clássica de uma sociedade forjada na cultura do estupro, da violência de gênero, onde a vitima se torna a responsável pela violência sofrida.

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Da Página do MST 

Ilustração: Ribs

 

Uma adolescente de 16 anos, foi abusada sexualmente – estuprada por 33 homens, depois de ter sido dopada durante uma festa em uma comunidade da Zona Oeste do Rio de Janeiro. Os acusados sentindo-se imunes por integrar uma sociedade machista e patriarcal gravaram a vítima e a expuseram nas redes sociais.

Após fazerem piadas de sua dor, de seu sangue e de sua morte emocional, veio a sentença. “A culpa foi dela”. A culpa foi da roupa que usava, a culpa foi do que fazia na rua. &”39;&”39;Se estivesse no trabalho, estudando, na igreja, isso não teria acontecido&”39;&”39;. 

Culpada, culpada e culpada, acusação contra vitima, característica clássica de uma sociedade forjada na cultura do estupro, da violência de gênero, onde a vitima se torna a responsável pela violência sofrida. 

Para o agressor resta o subterfúgio, agiu por instinto, estava bêbado, ela provocou, estava fora de si. Os que se indignam o chamam de monstro, louco, animais, vermes, antes fosse. O estuprador é um homem, humano. É o pai, o filho, o irmão, o amigo, é o filho do patriarcado que se sente no direito de violar o corpo feminino. 

Os dados mostram que o que aconteceu com a jovem no Rio não é uma raridade. A cada 11 minutos uma mulher é estuprada no Brasil. Esses números fazem parte dos dados oficiais, o que deixa as estatísticas ainda mais assustadoras, pois sabemos que há centenas de vitimas que não denunciam seus agressores, por medo, por vergonha, pela dor, pelo desejo de esquecer.

Diante de mais essa barbárie, nós mulheres da Via Campesina Brasil repudiamos a violência sofrida por essa jovem e por todas nós diariamente.

Denunciamos a reprodução de uma moral autoritária patriarcal e violenta. Denunciamos o Ministro de Educação Golpista, Mendonça Filho, que recebeu um estuprador para debater os rumos da educação.

Denunciamos o estupro, a violência doméstica, a discriminação, a opressão e todas as formas de exploração. que se originam no patriarcado e na luta de classes. 

Repudiamos os meios de comunicação e as redes sociais que fazem apologia ao estupro e a violência contra as mulheres. 

Reafirmamos que as mulheres vitimas de estupro e de todas as demais formas de violência, não são culpadas.

Reafirmamos que nós, mulheres, somos seres de direitos, e exigimos das autoridades a garantia de respeito aos direitos humanos. 

Por isso, jovem mulher, as Mulheres Camponesas da Via Campesina Brasil, te estendemos nossas muitas mãos para dizer que a rua é nossa, vamos para onde quisermos e com quem quisermos.

Lutamos por justiça social, por liberdade e por humanidade. Por Todos Nós!

 

Assinam: 

CONAQ – Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas 

CPT – Comissão Pastoral da Terra 

MAB – Movimento dos Atingido pelas Barragens 

MAN – Movimento pela Soberania Popular na Mineração 

MMC – Movimento de Mulheres Camponesas 

MPA – Movimento dos Pequenos Agricultores 

MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra 

CIMI – Conselho Indigenista Missionário