Sem Terra reocupam área em Alagoas

​O local vive sob intenso conflito pela disputa da área, liderado por um consórcio de latifundiários da região.

 

Por Gustavo Marinho
Da Página do MST

Após despejo realizado na última segunda-feira (23), as famílias Sem Terra reorganizaram o acampamento São José, em Atalaia, Alagoas.

O terreno, que na última semana foi tomado violentamente pelo aparato repressivo do Estado, amanheceu nesta segunda (30), reocupado pelas 73 famílias que lá vivem há 12 anos.

Histórico

A Fazenda São Sebastião, que pertencia as terras da massa falida da antiga Usina Ouricuri, foi ocupada pelo MST, em 2004.

O local vive sob intenso conflito pela disputa da área, conflito esse liderado por um consórcio de latifundiários da região, que anteriormente era ligado ao ex-prefeito de Campo Alegre, Jorge Matias (PP), e que agora conta com o apoio de mais dois grupos de comerciantes das cidades de Maribondo e do próprio município de Atalaia que, seriam “laranjas” do deputado federal, Cícero Almeida (PRTB).

Foi o conflito e a disputa pela terra em Atalaia que, no ano de 2005, tombou o membro da direção estadual do MST, Jaelson Melquíades, que junto com os assassinatos de Chico do Sindicato e José Elenilson (em 1995 e 2000, respectivamente), fazem do município uma das áreas mais emblemáticas de conflito de terra no estado.

Segundo o MST, a conquista do acampamento São José será uma luta incansável. “Não vamos medir esforços para que as famílias que vivem em baixo da lona preta tenham sua terra e vida digna”, destaca a direção do Movimento.

“Esse acampamento é uma questão de honra para cada trabalhador e trabalhadora Sem Terra, pois nessa terra corre o sangue de companheiros que lutaram para que esse espaço fosse ocupado com vida, justiça e fartura”.

O último despejo foi realizado sob o argumento do suposto usucapião da terra, em nome da família do antigo arrendatário das terras da massa falida da Usina Ouricuri, Pedro Batista, que desde 2015 tem ação rescisória no Ministério Público do Trabalho questionando a propriedade da terra. Os Sem Terra exigem que a ação rescisória, impetrada pelo MPF e em tramitação no Tribunal de Justiça (TJ-AL) seja julgada de imediato.