MST abre Jornada de Alfabetização no Maranhão

O estado do Maranhão amarga um índice de analfabetismo de 19,31%. Somente os dados do campo, o percentual é de 40,3%, o mais alto do país. 72,2% destes têm menos de um ano de estudo.

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Por Elitiel Guedes
Da Página do MST

 

A história de vida dos trabalhadores que não tiveram o direito à escola pública é contada por milhōes de brasileiros como o seu Francisco dos Santos Lira, 61 anos: “a minha história dá um romance! A minha vida dos doze anos pra cá é só na roça! Trabalhando na fazenda! A minha vida é tão sofrida que dos meus filhos, o que estudou mais, estudou até a oitava série! Eu vejo aquilo e não sei o que está escrito, não sei ler. E agora que ví esse programa, eu pensei: &”39;será que eu aprendo a ler e escrever?&”39; Aí fui levar meus documentos, porque acredito que pode ser adequado e estou sentindo vantagem”.

Nessa mesma perspectiva segue educador Francisco Barbosa, 28, afirma que a chegada da jornada de alfabetização no município é de extrema importância na vida das pessoas e na sua vida, para avançar no desenvolvimento do município e por isso abraça essa causa com todas as forças.

O ato de abertura da “Jornada de Alfabetização do Maranhão Sim, eu Posso! Círculo de Cultura” aconteceu na noite do dia desta segunda-feira (30) na sede do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais, no município de Aldeias Altas com participação de 340 pessoas, entre educandos(a), educadores(a), coordenadores(a), prefeitura, secretaria municipal de educação, Seduc, Sedhipop, Comitê Mais IDH, diretoras de escolas, da igreja batista, representações políticas locais, Federais  e MST.

O ato integra a mobilização pela alfabetização dentro do Plano de Ações “Mais IDH”, instituído pelo governo Flávio Dino. A jornada acontece em parceria com o MST, responsável pelo método de alfabetização “Sim, Eu Posso!” (Yo, Si Puedo!), do Instituto Pedagógico Latino Americano e Caribenho de Cuba (Iplac), aliado ao Círculo de Cultura da pedagogia freiriana. O desenvolvimento da ação tem, ainda, a cooperação com a Secretaria de Estado de Direitos Humanos e Participação Popular (Sedhipop),  Universidade Estadual do Maranhão (Uema) e Fapead.

Inicialmente a jornada será desenvolvida em oito municípios, entre os 30 com menor IDH do estado. A meta é alfabetizar, nestes municípios, mais de 14 mil pessoas com idade igual ou superior a 15 anos.

Ao todo foram oferecidas 71 vagas para coordenadores de turmas e 702 para educadores, abrangendo os municípios de Aldeias Altas, Água Doce do Maranhão, Governador Newton Bello, Jenipapo dos Vieiras, Itaipava do Grajaú, Santana do Maranhão, São João do Carú e São Raimundo do Doca Bezerra.

Para Francisco Gonçalves, Secretario de Estado de Direitos Humanos e Participação Popular, “quando mais a gente aprender a ler o mundo, melhor será a nossa vida e da nossa cidade. Nós podemos mudar a realidade do Maranhão através da mobilização de Alfabetização em parceria com a SEDUC e o MST, e nós podemos construir uma nova história na vida de milhões de famílias do Maranhão. A nossa meta é criar pela primeira vez na história do Maranhão, territórios livres do analfabetismo e até ano que vem queremos ter oito municípios livres do analfabetismo, todo mundo aprendendo a ler e escrever e vamos expandir essa experiência por todo o estado, para que todos tenham direito a escrita e a leitura e com o plano mais IDH”.

Ele ressalta: “nós só podemos ficar felizes enquanto governantes, o dia em que as pessoas tiverem água potável em casa, quando as crianças não estiverem morrendo de doença, quando as mulheres não estiverem morrendo de parto, quando as pessoas tiverem trabalho e renda, comida na mesa, as crianças tiverem escola e que a escola seja um lugar bom e alegre para passar a infância. E para o governador Flavio Dino, só existe mudança se nós mudarmos a vida dessas pessoas e se for para melhor, o direito a uma vida digna, à felicidade, segurança, e é isso que é governar com povo que passa necessidade no Maranhão”.

 

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O estado do Maranhão amarga um índice de analfabetismo de 19,31%. Somente os dados do campo, o percentual é de 40,3%, o mais alto do país. 72,2%  destes têm menos de um ano de estudo.

Para Auzerina Carneiro, da direção Nacional o MST, “a educação é a maior ferramenta para mudar a sociedade e ela é o nosso maior instrumento de luta. Nós reconhecemos a jornada de alfabetização como instrumento de mudança na vida de milhares de maranhenses. Reconhecemos o empenho do governador Flávio Dino que tem vontade política de reduzir o índice de analfabetismo no Maranhão. Sabemos que não é fácil alfabetizar dentro desse sistema viciado das políticas de jovens e adultos. O MST sempre esteve na luta pela erradicação do analfabetismo e sabemos que é possível construir uma sociedade diferente”.

 

 

*Editado por Rafael Soriano