Encontro Brasileiro de Movimentos Populares em diálogo com o papa repudia prisão de militantes do MST em GO

Segundo nota, o caso sinaliza os tempos sombrios, inaugurados com o Golpe à democracia efetuado pelo Congresso Nacional e com instalação de um governo provisório ilegítimo.

 

 

Da Página do MST

 

Os cerca de 300 participantes do Encontro Brasileiro de Movimentos Populares em Diálogo com o Papa emitiu uma nota sobre a prisão política de José Valdir Misnerovicz, militante do MST em GO, geógrafo e educador popular.

Segundo a nota, a prisão faz parte de um processo de ruptura democrática instaurada com o Golpe realizado pelo  Congresso Nacional e que conduziu à presidência interina Michel Temer (PMDB). “Sinaliza os tempos sombrios, inaugurados com o Golpe à democracia efetuado pelo Congresso Nacional e com instalação de um governo provisório ilegítimo. Neste sentido, o governo do golpista Michel Temer faz os seus primeiros presos políticos”, sugere trecho do documento. Confira na íntegra:

 

NOTA DE REPÚDIO DO ENCONTRO BRASILEIRO DE MOVIMENTOS POPULARES EM DIÁLOGO COM O PAPA, SOBRE A CRIMINALIZAÇÃO DAS LUTAS SOCIAIS E DA PRISÃO DO MILITANTE JOSÉ VALDIR MISNEROVICZ

Nós, mais de 300 homens e mulheres de 20 estados brasileiros, representantes dos movimentos populares, pastorais sociais e organizações sindicais, reunidos em Mariana, Minas Gerais, no Encontro Brasileiro de Movimentos Populares em diálogo com o Papa Francisco, recebemos com profundo pesar e indignação a notícia da prisão injusta de nosso companheiro e militante José Valdir Misnerovicz, educador popular, camponês e dirigente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.

Sua prisão foi efetuada no dia 31 de maio de 2016, enquanto ministrava uma aula de cooperativismo para jovens camponeses na cidade de Veranópolis (RS). O pedido faz parte do mais recente processo de criminalização dos movimentos sociais realizado pelo judiciário do Estado de Goiás. Faz parte desse mesmo processo de repressão a reclusão do agricultor Sem-Terra Luiz Batista Borges, desde o dia 14 de abril, no centro de detenção de Rio Verde (GO), além da outros quatro militantes do MST de Goiás que se encontram com pedido de prisão decretada.

Repudiamos tal atitude como perseguição política e ataque à Constituição Federal. Sinaliza os tempos sombrios, inaugurados com o Golpe à democracia efetuado pelo Congresso Nacional e com instalação de um governo provisório ilegítimo. Neste sentido, o governo do golpista Michel Temer faz os seus primeiros presos políticos. Perseguir e prender lutadores e lutadoras do povo é um ato de desrespeito à vida, pois fere os princípios éticos da dignidade humana dos povos, que são excluídos do acesso à terra, à moradia e ao trabalho com dignidade. Denunciamos os opressores do povo, que criminalizam os movimentos sociais e são coniventes com um sistema que fere e mata a vida no campo e na cidade.

Anunciamos a necessidade de um novo sistema social, justo e solidário onde não haverá “nenhum camponês sem terra, nenhuma família sem teto e nenhum trabalhador sem direitos”, tal é o ensinamento de nosso irmão e companheiro, Papa Francisco. Lutar por esses direitos, não pode ser considerado um crime. Criminosas são as ações das elites que provocam misérias e impedem que os pobres da terra vivam com dignidade. Não nos calaremos enquanto essas injustiças não forem corrigidas, e denunciaremos cotidianamente a ganância dos opressores que agem somente em benefício próprio. Não haverá justiça se não pudermos sonhar e lutar por nossos sonhos.

Lutar não é crime!

Não ao Golpe, Fora Temer!

Mariana, 04 de Junho de 2016