Sem Terra monta acampamento no INCRA do Paraná

A motivação da ocupação é a luta contra o golpe nos direitos sociais da classe trabalhadora no Brasil.

13422408_1157489590978677_4398058612530248958_o.jpg

Por Riquieli Capitani
Da Página do MST
Foto: Comunicação MST/PR

Contra o golpe e o governo ilegítimo do presidente interino Michel Temer, a retirada de direitos, em defesa da previdência social, da aposentadoria rural, das políticas de moradia popular, pela reforma agrária e pela retomada do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), foi o que motivou a ocupação do INCRA em Curitiba (PR), nessa quarta-feira (8).

Aproximadamente 1200 acampados e assentados do MST estão mobilizados na Jornada Nacional de Luta Unitária que iniciou na manhã desta terça-feira (07) com uma marcha pelo centro da capital paranaense e seguiu até o INCRA, onde os Sem Terra montaram acampamento e construiu um grande barraco de lona preta, símbolo da luta pela terra que abriga muitas famílias acampadas pelo país, somente no Paraná são mais de 10 mil famílias.

A mobilização dos trabalhadores se deu um dia após a exoneração do superintendente do INCRA no Paraná, Nilton Bezerra Guedes, na terça-feira (7). Com a saída de Guedes, assume interinamente, Omar Guilherme Gauza Filho.

Segundo o MST, a exoneração é mais um exemplo das políticas golpistas que estão sendo executadas dia a dia pelo governo interino de Michel Temer.

“Queremos a valorização do INCRA e dos funcionários do órgão, não pode haver sucateamento dessa instituição tão importante para a reforma agrária. O Incra tem que ser gerido por funcionários de carreira, pessoas comprometidas com a reforma agrária, que mantenham o diálogo permanente com o Movimento, governo estadual e federal. Não pode ser um espaço de lotação política”.
 

13404031_1157489774311992_4458930352083143820_o.jpg

O MST lembra que no dia 25 de maio houve uma audiência com o governador do Paraná, Beto Richa, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Assessoria Especial para Assuntos Fundiários, Ministério Público do Paraná, e Assembleia Legislativa, onde foi acordado que, tanto o governo do estado, Ministério Público, e o governo federal, dariam suporte ao Incra do Paraná para resolver a questão das 10 mil famílias acampadas e atender o desenvolvimento dos assentamentos.

Com a exoneração de Guedes e a possibilidade de que alguém sem compromisso com a reforma agrária assuma, o MST avalia que esse acordo pode estar comprometido.

“Esperamos que haja um diálogo pra discutir a situação do INCRA, da reforma agrária e discutir um plano emergencial pra assentar as mais de 10 mil famílias que estão acampadas no Paraná e seguir buscando desenvolvimento para nossas áreas de assentamentos, para que possamos dar continuidade ao acordo feito com o governo paranaense”, explica o Movimento.

Ocupação da Conab

O corte de recursos para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), realizado pelo governo golpista de Michel Temer e seus ministérios, que permitia a entrega de alimentos dos agricultores até as entidades de consumidores, levou cerca de 150 Sem Terra a ocuparem na tarde de ontem (08) a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em Curitiba.

O grupo de trabalhadores saiu do acampamento em frente ao INCRA para participar da atividade, e no final da tarde retornou.
 

pr.jpg

A coordenadora do Setor de Produção no estado, Ceres Hadich, comenta que a ocupação da Conab foi para apresentar as demandas do Movimento, mas também para defender a empresa estatal. Ainda segundo ela, a pauta foi apresentada ao superintendente da Conab, Erli de Pádua Ribeiro, que a enviou para Brasília e demais diretores, e no final da tarde teve um retorno.

“A Conab acolheu com respeito tanto nossa mobilização, quanto nossa pauta, e se comprometeu nos próximos dias a restituir esse orçamento de 70 milhões que havia sido retirado, por consequência isso vai garantir a continuidade de todos os projetos previstos para o Paraná, e para outros estados do Brasil.”

Além disso, houve um comprometimento em agilizar o andamento dos processos que estão na Companhia referente aos assentamentos, e principalmente fortaleceu essa relação e o respeito dos funcionários para com os trabalhadores. Uma vez que, o Movimento entende que é preciso defender essa empresa pública, estatal, e que ela deve atuar em função da agricultura familiar camponesa e dos agricultores.

*Editado por Iris Pacheco