Sem Terra interrompem atividades da empresa Suzano e denunciam problemas socioambientais

O MST repudia o modelo de desenvolvimento do agronegócio, sem contribuir com o desenvolvimento social, cultural e ambiental da região.

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Por Coletivo de Comunicação do MST na Bahia
Da Página do MST

Contra o modelo de produção do agronegócio e em defesa da Reforma Agrária, milhares trabalhadores e trabalhadoras Sem Terra ocuparam na madrugada dessa segunda-feira (13), a fábrica da Suzano Papel e Celulose, localizada no município de Mucuri, no Extremo Sul da Bahia.

Os Sem Terra repudiam o modelo de desenvolvimento do agronegócio, sem contribuir com o desenvolvimento social, cultural e ambiental da região. “A empresa só explora nossas terras, retirando as riquezas e exportando”, afirmam. Ao mesmo tempo em que enfatizam a ilegitimidade do governo golpista do presidente interino Michel Temer (PMDB).

A Suzano faz parte de um grupo de transnacionais, que chegaram à região e implantaram a monocultura do eucalipto, suprimindo a diversidade de produção existente no território. Hoje, os produtos básicos vêm de fora e os preços subiram vertiginosamente.

As poucas áreas cultivadas pelas famílias camponesas têm suas produções afetadas por causa da utilização indiscriminada de agrotóxicos, que contaminam os solos, as águas e o ar. Além disso, a monocultura do eucalipto tem provocado o êxodo rural de milhares de famílias camponesas e povos originários.

Impactos

De acordo com a direção nacional do MST, a atual proposta de aumento da fábrica busca triplicar sua produção e utilizar eucalipto transgênico, que ampliará de forma significativa os problemas socioambientais, que há décadas vem causando na região.

“O discurso utilizado para justificar os investimentos na ampliação da fábrica é o mesmo das décadas de 80 e 90, onde anunciaram que gerariam muitos empregos, progresso e desenvolvimento, mas a realidade social e ambiental que existe hoje é totalmente outra”.

 

As cidades de Teixeira de Freitas e Eunápolis sofrem um crescimento desordenado e sem planificação, provocando assim o aumento do desemprego, da violência e indigência.

Além disso, os grandes monocultivos de eucalipto da Suzano estão provocando a morte das nascentes, afluentes e rios da região. A empresa tem provocado também um descontrole ambiental, exemplo disso, foi a invasão de borboletas do eucalipto em várias cidades da região, provocando enfermidades.
 

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Pelo rio Mucuri

O Rio Mucuri, que banha o município e outras cidades da região, está em seu nível mais baixo da história. Não bastasse a morte de seus afluentes, provocadas pelas extensões de eucaliptos, a Suzano tem lançado diariamente toneladas de restos químicos em seu leito, provocando a extinção da fauna e flora aquática.

“Fora Temer. O governo é do povo!”

A ação faz parte da Jornada Nacional de Lutas contra o governo Temer, que nas primeiras semanas já provocou diversos retrocessos nos direitos conquistados pela classe trabalhadora, como a extinção do Ministério de Desenvolvimento Agrária (MDA).

Na ocupação, os trabalhadores reivindicam a volta do MDA repudiando o modelo político adotado através das privatizações e cortes em políticas públicas fundamentais para o acesso da classe trabalhadora aos direitos constitucionais.

*Editado por Iris Pacheco