Campo e cidade se unem em ocupação do prédio do INSS, em Porto Alegre

A ocupação ocorre em protesto contra o desmonte da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e do sistema previdenciário.

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Por Catiana de Medeiros
Da Pagina do MST

 

A classe trabalhadora do campo e da cidade do Rio Grande do Sul se uniu mais uma vez contra a retirada de seus direitos por parte do governo interino Michel Temer (PMDB). Por volta das 7h15 desta segunda-feira (13), cerca de 60 integrantes da Frente Gaúcha em Defesa da Previdência Social ocuparam o prédio da Gerência Regional do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), no Centro de Porto Alegre.

A ocupação ocorre em protesto contra o desmonte da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e do sistema previdenciário. Conforme os manifestantes, a extinção do ministério prejudica os trabalhadores, aposentados e futuros aposentados.

Julio César da Silva tem 30 anos e é morador do acampamento do MST Dom Tomás Balduíno, localizado em Eldorado do Sul, na região Metropolitana. Ele conta que veio para a ocupação porque o desmonte do Ministério da Previdência também afetará os trabalhadores do campo e, principalmente, as mulheres.

“Essa luta é nossa também porque tira direitos da classe de forma geral, como no caso da aposentadoria, que querem colocar a idade mínima para 65 anos tanto para o homem quanto para a mulher. Só que as mulheres geralmente têm jornada dupla, trabalhando fora e dentro de casa. E o tempo de trabalho do camponês também é maior, porque nós não temos hora para deixar a lida. Essa proposta de Temer é injusta e só serve para nos prejudicar. É contra ela que estamos mobilizados”, explica o Sem Terra.

 

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Silva ainda acrescenta que a classe trabalhadora também está organizada contra o desmonte de outros ministérios, como o do Desenvolvimento Agrário (MDA). “Temer está tirando todos os direitos que duramente conquistamos por meio da luta popular. É desmonte de políticas públicas de todos os lados, no Campo, na Cultura, Saúde, Educação”, lamenta o agricultor.

A Frente Gaúcha em Defesa da Previdência Social envolve trabalhadores de diversas entidades sindicais. Segundo o sapateiro Antonio Guntzel, um dos coordenadores da mobilização, o intuito é que o movimento se torne nacional, ocorrendo novas ocupações a prédios do INSS em todos os estados brasileiros. Não há previsão para os manifestantes deixarem o prédio em Porto Alegre.

“Será uma luta longa, marcada por mais um passo que estamos dando em defesa dos nossos direitos e pela retomada do Ministério da Previdência. Estamos dispostos a ficar aqui o tempo que for necessário. Outros apoiadores devem se somar a nós aqui na ocupação ao longo da semana”, complementa.

Audiências

Na próxima segunda-feira (20), centrais sindicais realizam uma audiência pública para debater a reforma da previdência social. A atividade começa às 14 horas no Centro de Eventos Casa do Gaúcho, no Centro de Porto Alegre, e contará com as participações do senador Paulo Paim (PT-RS) e do especialista em previdência social e professor da Universidade Federal de Campinas (Unicamp), Denis Gimenez. Após, terá uma caminhada pelas ruas da Capital. De acordo com a Frente, pelo menos outras sete audiências serão realizadas nos próximos dias no interior do estado.

 

 

*Editado por Rafael Soriano