Câmara de Cascavel-PR presta solidariedade ao Acampamento 1º de maio

Assinada por 14 vereadores, a moção presta solidariedade aos trabalhadores sem terra e solicita esforços para que seja evitado o despejo iminente das 170 famílias que ocupam a área.

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Por Júlio Carignano
Do Brasil de Fato/PR

 

Foi aprovada nesta terça-feira (21), na Câmara Municipal de Cascavel, uma Moção de Apoio e Solidariedade às famílias do acampamento 1º de Maio, proximidades do distrito de Rio do Salto, interior do município. As famílias oriundas do MST ocupam desde 2009 uma área de 400 hectares da fazenda Castelo, um latifúndio de aproximadamente 3,6 mil hectares.

Assinada por 14 vereadores, a moção presta solidariedade aos trabalhadores sem terra e solicita esforços da Superintendência Regional do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e ao Assessor Especial de Assuntos Fundiários do Estado, Hamilton Serighelli, para que seja evitado o despejo iminente das 170 famílias que ocupam a área.

O alerta sobre a possibilidade de reintegração de posse foi levado ao plenário na semana passada pelo vereador Paulo Porto (PCdoB), que apresentou a preocupação para o impacto social à comunidade que vive da produção de alimentos e criação de animais. “Há sete anos essas famílias constroem diariamente as condições de uma existência digna. São famílias de agricultores que acordam cedo e arrancam daquela terra sua renda, sobrevivência e dignidade. É naquele espaço que garantem uma boa alimentação, uma formação escolar e moral para seus filhos e filhas”, destacou Porto.

Cerca de 340 hectares da ocupação são destinados ao cultivo; cada família planta cerca de dois hectares e a produção é diversificada, com produtos como milho, feijão, mandioca, aveia, batata, arroz, frutas, verduras e hortaliças sem a utilização de agrotóxicos. Parte dessa produção é para sustentabilidade das próprias famílias e outra é destinada aos pequenos comércios em Rio do Salto. Também há criações de gado, porcos e galinhas.
Nos sete anos de ocupação, os integrantes do MST construíram uma escola com atendimento do Ceebja (Centro de Educação Básica para Jovens e Adultos), igrejas, campo de futebol, área de lazer e uma mercearia.

“Essa é uma comunidade autosustentável, porém paira sobre ela a ameaça de reintegração de posse expedida pela Justiça do Paraná e um futuro incerto para essas 170 famílias. Para onde irão todas essas famílias? Irão engrossar as fileiras da miséria na periferia de Cascavel? Irão engrossar as filas da Agência do Trabalhador? Irão engrossar as filas dos CMEIS superlotados? Em que lugar encontrarão condições melhores de vida e subsistência?”, disse o vereador na oportunidade.

Para Paulo Porto, a aprovação da Moção de Apoio nesta terça-feira demonstra a preocupação dos vereadores com o futuro de 170 famílias cascavelenses, com a justiça social e para uma saída pacífica nas questões do campo. Além de Porto, assinam o documento os vereadores Aldonir Cabral (PDT), Celso Dal Molin (PR), Claudio Gaiteiro (PSDB), Fernando Winter (PSC), Jaime Vasatta (PTN), João Paulo de Lima (PSD), Jorge Bocasanta (PROS), Rui Capelão (PMDB), Nei Haveroth (PSL), Professor Paulino (PT), Romulo Quintino (PSL), Vanderlei da Silva (PSC) e Walmir Severgnini (PSD).

Confira o texto da Moção 04/2016 da Câmara de Cascavel-PR:

 

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*Editado por Rafael Soriano