Frutas da estação são valorizadas por Sem Terra na preparação de alimentos

Oficinas orientam assentados a aproveitarem de várias formas alimentos cultivados em cada safra no Rio Grande do Sul.
Objetivo da oficina é agregar valor aos alimentos produzidos pelos camponeses em seus lotes. (1).jpg
Objetivo da oficina é agregar valor aos alimentos produzidos pelos camponeses em seus lotes. 

 

Por Catiana de Medeiros
Da Página do MST

Colher frutas saudáveis direto do pé, cultivadas dentro do seu próprio lote, para preparar diversos alimentos é um dos grandes benefícios que a luta pela terra trouxe às famílias do Assentamento Filhos de Sepé, localizado no município de Viamão, na região Metropolitana de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. 

O Centro de Formação Sepé Tiaraju, nas três primeiras terças-feiras deste mês, acolheu dezenas de Sem Terra em oficinas realizadas pela Cooperativa de Trabalho em Serviços Técnicos (Coptec).

Entre elas está a de produção de alimentos a base de citros, que teve aulas ministradas pela nutricionista Cristina Araújo e a química de alimentos Sarita Santos. Elas ensinaram várias maneiras de aproveitar frutas desta época do ano, como bergamotas e laranjas.

Uma das oficinas teve como base o arroz agroecológico. (1).jpg
Uma das oficinas teve como base o arroz agroecológico.

Com a troca de conhecimentos, os agricultores produziram tortas, cucas, cupcakes, geleias, chimias, doce de casca de bergamota caramelada e sucos pasteurizados. Conforme Cristina, a iniciativa tem como objetivo agregar valor aos alimentos produzidos pelos camponeses em seus lotes, viabilizando a eles uma nova fonte de renda e melhor qualidade na alimentação familiar.

“A produção de citros no assentamento é bem expressiva, são cerca de 60 hectares de área plantada, e poder compartilhar com os camponeses e camponesas as diferentes formas de aproveitar esse alimentos é muito gratificante. Além de consumir in natura, eles podem utilizar bergamotas e laranjas para fazer pratos deliciosos para o consumo familiar ou levá-los para as feiras, tendo mais uma fonte de renda”, explica Cristina.

A bergamota já propicia bons resultados econômicos à dona Geni de Lima Tisott, 58 anos, que este ano comercializará por meio do Programa Nacional de Aquisição de Alimentos (PNAE) cerca de 4 mil quilos da fruta.

Após a oficina, a assentada conta que já preparou vários pratos para consumir com a família. “O aprendizado foi ótimo, agora podemos aproveitar da melhor forma possível esse alimento que a terra nos dá. Lá em casa todos aprovaram”, comenta.

Ainda este mês, a Coptec realizou outras duas oficinas a base de leite e arroz agroecológico. Esta última, teve o apoio da nutricionista Cleo Amaral, do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga). As famílias produziram queijos temperados, ricotas, requeijão e iogurte, além de bolos e cucas com farinha de arroz, doces e risoto de legumes.

Os principais produtos utilizados como matéria-prima são cultivados pelos próprios agricultores no Assentamento Filhos de Sepé, o qual se destaca por ser território livre de agrotóxicos e de transgênicos.

 

Torta de bergamota foi um dos pratos feitos pelos participantes através do projeto da Coptec. (1).jpg
Torta de bergamota foi um dos pratos feitos pelos participantes através do projeto da Coptec. 

Próximas oficinas

De acordo com Cristina, no próximo mês de julho a Coptec fará outras três oficinas com as famílias assentadas em Viamão. Ela adianta que uma será sobre panifícios. Todas as atividades práticas na área da alimentação são realizadas de acordo com a produção de cada safra. “Nosso intuito é compartilhar conhecimento e aproveitar ao máximo o que a natureza e a agricultura camponesa nos oferecem em cada estação do ano”, finaliza a nutricionista.