MST disponibiliza seu acervo musical em Musicoteca

Em nossa página será disponibilizada a produção musical que conta a história do movimento.

 

Da Página do MST 

O Movimento lança nessa terça (19), a musicoteca Inezita Barroso, um espaço para divulgação dos álbuns já produzidos pelo Movimento, bem como obras de parceiros que contenham a temática de luta.

Clique aqui e acesse a Musicoteca Inezita Barroso.

O MST que nasceu em sinfonia, usa os acordes como bandeira de identidade, luta e resistência. Reafirmando essa identidade e em celebração aos 30 anos do MST, completados em 2014, no último período foi feito um recolhimento das canções históricas que traduzem parte da memória musical do povo Sem Terra. História essa que agora estará disponível para todos em nossa página.

Para Guê Oliveira, integrante do Setor de Cultura do MST, um dos objetivos da musicoteca é trazer à tona a memória musical do Movimento a partir de cada período histórico. “O nosso papel é deixar para nossos filhos o legado de lutadoras e lutadores. Perpetuar através da música a luta de todos e de cada um de nós”, acredita a percussionista.

Já para Levi de Souza, músico do Setor de Cultura do Paraná, as músicas no Movimento sempre tiveram seu lugar estratégico. “As canções são instrumentos de luta. Em épocas de intensa repressão, o nosso grito de lamento e resistência vinha e, ainda vem, através da canção. Tanto nos momentos de animação dos encontros e reuniões, quanto nos momentos de enfrentamento, seja nos acampamentos, na guarita, quando o cansaço bate, do conflito à resistência, a música está presente. É bonito e é nosso, uma cultura enraizado dentro do Movimento. Estamos com a foice, mas também com a viola do lado. É esse o retrato musical da vivência do sujeito coletivo Sem Terra”, salienta.

Música à luta

Inezita Barroso não foi um nome escolhido à toa para nomear a musicoteca do MST. Ignez Magdalena Aranha de Lima, – nome de batismo de Inezita -, nasceu em 4 de março de 1925, no bairro da Barra Funda, em São Paulo. Sempre atenta ao seu redor foi uma das mulheres pioneiras na música caipira brasileira. É uma das cantoras mais premiadas do Brasil, sendo detentora de mais de 200 prêmios. Estreou em 1980 no programa mais antigo da TV brasileira até então, o Viola, Minha Viola. Inezita gravou mais de 1500 edições do programa, voltado a modas de viola, música de raíz, lendas e danças folclóricas.

A mulher de voz grossa e punho forte tornou-se símbolo de luta por seu sonho e ideal numa época em que trabalhar no rádio e na TV era “coisa de homem”. Defensora das tradições culturais acreditava que devemos galgar o presente em ações acertadas do passado. Diante disso e de tudo o que Inezita representou e representa para a música brasileira, em especial para música de raíz, é que o MST decidiu por homenageá-la. Como ela dizia “O caipira é ligado à tradição, à raiz, ao amor à terra, a qualquer coisa que ele tem dentro e tem necessidade de exprimir”.

E, assim, também é o Sem Terra, ligado à raiz e à necessidade de exprimir, através da música, o valor da luta e o amor à terra, a sua terra.