“A cultura é a melhor forma de conscientizar a classe trabalhadora”, afirma Stedile
Por José Bernardes
Da Página do MST
Fotos: Leandro Taques
“A sociedade brasileira vive uma profunda crise econômica, política, ambiental e social”, descreveu João Pedro Stedile, da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
João Pedro e Beatriz Cerqueira, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) de Minas Gerais, participaram de uma mesa de debate sobre a conjuntura política no espaço Minas Centro, em Belo Horizonte (MG), na manhã desta quinta-feira (21). A atividade faz parte da programação do Festival Nacional de Arte e Cultura da Reforma Agrária, que acontece na capital mineira de 20 a 24 de julho.
“A economia não cresce há três anos, teve um aumento de 14% no número de desemprego e ocorreu um sequestro do sistema eleitoral. Hoje, o povo não reconhece mais no Congresso os seus representantes”, apontou o dirigente do MST.
Segundo João Pedro, “as saídas para as crises que o Brasil viveu até hoje dependeram da construção de novos projetos que conseguissem aglutinar entorno de si uma maioria. Há a necessidade de construirmos um novo projeto”, aponta.
A alternativa para esse novo projeto é o conhecimento, afirma o dirigente do MST. “Essa é a principal arma que temos, se quisermos mudar o mundo em que vivemos. A classe trabalhadora precisa conhecer o capitalismo se quiser transformá-lo”.
“O que precisamos fazer é intensificar as nossas lutas”, comentou Beatriz Cerqueira. Para a presidente da CUT, o governo interino de Michel Temer promove um desmonte do Estado, “privatizando tudo o que é público e o mais rápido possível”.
É importante, segundo Beatriz, “fortalecer as frentes de luta”. “Se tivermos unidade, nas ruas, conseguiremos enfrentar o próximo período”. Para ela, é preciso buscar pautas que unam as organizações, e que neste caso, “nossa primeira luta será contra o golpe, contra a ruptura democrática. Não faço essa luta pela Dilma Rousseff, pelo PT, faço pela democracia”, comentou.
Festival da Reforma Agrária
O Festival Nacional de Arte e Cultura da Reforma Agrária seria mais uma importante ferramenta para estimular essa conscientização, segundo João Pedro.
Para ele, toda a esquerda está cada vez mais “convencida que a cultura é a melhor forma de conscientizar a classe trabalhadora. As artes, a cultura e a culinária podem e devem ser utilizadas como formas lúdicas de cultivarem na classe trabalhadora alternativas ao capitalismo”, acredita.
Para Beatriz Cerqueira, “se não colocarmos arte, cultura, mística e fé nas nossas vidas, corremos o risco de nos tornarmos semelhantes àqueles que nós combatemos.”
Mais de 1500 Sem Terra de 19 estados do Brasil estão participando do Festival Nacional de Artes e Cultura da Reforma Agrária na Praça da Estação e na Serraria Souza Pinto.
A atividade conta com diversos eventos, como uma Feira de Produtos da Reforma Agrária, Feira Literária e gastronômica com iguarias de todas as regiões do Brasil, Mostra de Cinema da Terra, shows e seminários de formação sobre diversos temas, além do Festival de Música e Poesia.