Comate à fome
Festival de Agroecologia, Ecoturismo e Economia Solidária reúne campo e cidade, em SP
Por Coletivo Estadual de Comunicação do MST São Paulo
Da Página do MST
O 4º Festival de Agroecologia, Ecoturismo e Economia Solidária aconteceu no último final de semana nas dependências do Cefol, em Valinhos. Durante os dois dias de festival, a população pode ter contato com uma mostra dos produtos da Reforma Agrária que são produzidos em assentamentos rurais de várias regiões do estado, como Campinas, Ribeirão Preto, Andradina, Itaberá, Iaras, Promissão, Vale do Paraíba e Grande São Paulo.
Foram comercializados hortifruti, alimentos in natura, produzidos de forma agroecológica e outros produtos beneficiados das cadeias produtivas que estão sendo desenvolvidas nos assentamentos paulistas do MST, como feijão, café, mel, bebidas diversas, derivados do leite e outros. Também foram vendidos produtos fitoterápicos e fitocosméticos.
Os visitantes puderam aproveitar ainda a Culinária da Terra e saborear pratos produzidos pelos coletivos regionais que participaram do Festival. O Setor de Gênero do MST montou um cardápio com carne suína, salada, mandioca cozida e vinagrete. A regional Grande São Paulo participou oferecendo um prato de nhoque e arroz no arado. O Vale do Paraíba forneceu tortas salgadas, o tradicional Bolinho Caipira e espetinhos. O Coletivo As Marielles, do acampamento Marielle Vive, montou um cardápio com pastéis e salgados. Por fim, as pessoas ainda puderam experimentar o sorvete de verdade do Gelado do Campo, uma marca do MST em parceria com a Escola Sorvete.
Cultura e formação
A programação cultural também contou com apresentações de viola caipira de Cacique e Pajé e no Encontro e Cantorias; MPB e samba de Ilcéi Mirian, Yago Oproprio agitando a juventude com o som hip hop. E o rock do Legião Urbana Cover.
Também de caráter formativo, o evento ofereceu diversas opções de oficinas sobre temas variados, trazendo especialistas como provocadores e provocadoras dos debates. Entre os temas trabalhados tivemos: meliponicultura, ecossocialismo, mudanças climáticas, moradias populares, compostagem, PANCs, financiamento popular, panificação e outras.
Para José Pereira, do Sindicato dos Químicos Unificados, o espaço é importante não só para a categoria dos químicos, mas para todos os trabalhadores/as. “Essa é uma iniciativa diferente, é uma iniciativa que os trabalhadores precisam de fato, para entender o que está acontecendo e as mudanças que estão acontecendo no mundo. E aqui estão os verdadeiros batalhadores para manter a vida produzindo alimento saudável”.
Agroecologia para combater a fome
O 4º Festival de Agroecologia, Ecoturismo e Economia Solidária fortaleceu não somente a relação entre trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade, mas resultou em um amplo espaço de diálogo com a população sobre a emergência de debater a superação do modelo de desenvolvimento baseado no agronegócio e na produção de commodities agrícolas.
Neste sentido, fica evidente que o projeto de Reforma Agrária Popular está na ordem do dia e precisa ser pauta neste governo. É necessário a elaboração de políticas públicas que ampliem as possibilidades de transição agroecológica nos territórios da Reforma Agrária e, de anterior a isso, a tomada de decisão do governo em arrecadar terras públicas para assentar as famílias Sem Terra. Tudo isso aliado ao debate da comida saudável, da cultura e formação, como demonstrou o Festival.
“É preciso criar as condições necessárias para levar comida de verdade para as periferias desse país e resolver o problema da fome e da miséria. Por isso o MST irá apresentar ao governo um projeto de abertura de Sacolões Populares nas grandes cidades, cuja ideia é colocar frutas, legumes, verduras e outros produtos subsidiados por políticas públicas, nas periferias desse Brasil. Nós queremos, com isso, entrar nas periferias desse país onde tem uma massa de trabalhadores e de trabalhadoras e, se conseguirmos, nós não vamos somente vender produtos, nós queremos construir uma relação política, levar o povo da periferia para conhecer quem produz e levar quem produz para conhecer as periferias desse país. A gente entra não só pela comida, mas também pela cultura, pela arte, pelas oficinas, pela formação”, afirma Gilmar Mauro, da Coordenação Nacional do MST.
A atividade renova as energias de aliança entre o campo e cidade e fortalece os processos organizativos. Portanto, já se projeta o próximo com um caráter mais ampliado na participação de feirantes e de atividades culturais, como aponta Eunice Pimenta, da Direção Estadual do MST. “Todas as regionais da nossa organização, do MST, estiveram presentes cada uma com um prato melhor que o outro, a nossa produção, com os nossos industrializados e com muita comida saudável. Foi uma alegria muito grande e já vamos nos preparando para o próximo, rumo aos 40 anos do Movimento Sem Terra e ao próximo Festival de Agroecologia”.
*Editado por Solange Engelmann