FNDC promove debate sobre a criminalização dos movimentos sociais em Brasília

O objetivo da atividade é debater os desafios neste de ruptura democrática e capacitar a militância para enfrentá-los de maneira articulada

Do Fórum Nacional de Democratização da Comunicação

O Comitê pela Democratização da Comunicação do Distrito Federal realizará, no dia 23 de julho, o seminário Liberdade de Expressão e Criminalização em Tempos de Golpe. A intenção dos organizadores é discutir a criminalização dos movimentos sociais e o cerceamento à liberdade de expressão, que têm culminado com a prisão de militantes e criminalizado movimentos de trabalhadores do campo e da cidade; o papel da mídia na ruptura democrática; direito de resposta, e privacidade versus vigilância na internet.

A criminalização dos movimentos sociais ganhou força a partir da promulgação da Lei 12.850/13, que define organização criminosa, entre outros pontos, e mais recentemente da Lei 13.260/16 (Lei Antiterrorismo). É com base no primeiro dispositivo que dois militantes do MST foram presos em abril e maio deste ano e continuam encarcerados: o agricultor Luiz Batista Borges e o geógrafo José Valdir Misnerovicz. Valdir foi preso em Veranópolis, no Rio Grande do Sul, numa ação articulada entre as políticas militares do RS e GO. Ambos são alvos do mesmo processo que busca criminalizar o MST enquadrando-o como organização criminosa. Em nota, a Direção Estadual do MST-GO acusa o poder judiciário e as forças policiais de “realizarem uma evidente perseguição política contra a justa luta popular pela Reforma Agrária.”

Outro episódio recente da criminalização da luta por justiça social aconteceu no Distrito Federal, onde o último alvo foram os integrantes do Movimento de Resistência Popular (MRP) e sua luta por moradia. Com um aparato repressor desproporcional, o governo local (GDF) desocupou, violentamente, o edifício Torre Palace, no início do mês de junho, encarcerando os militantes sem se dispor a negociar a pauta do movimento e enquadrando o MPR como organização criminosa. Em ambos os casos, assim como na totalidade da repressão política, a mídia deu cobertura de aval às ações repressivas.

A aprovação da Lei do Direito de Resposta, em novembro do ano passado, e sua repercussão não apenas para os grandes veículos comerciais de mídia, mas inclusive para a produção de conteúdo por parte dos movimentos sociais, também será debatida. Comemorada pelo FNDC como um avanço, esse dispositivo tem sido alvo do monopólio midiático desde sua discussão e após sua aprovação, com a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) questionando-a no Supremo Tribunal Federal.

A participação no seminário é livre e gratuita. O evento será realizado no Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal (SJPDF), a partir das 10h. Estão confirmadas as participações de Carla Guareschi, da Rede Nacional de Advogados Populares (RENAP); Liliane Machado, professora da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília; dos advogados Antonio Rodrigo Machado (SJPDF) e Marcelo Chivalquer; da jornalista Cynara Menezes e do diretor do Instituto Beta para a Internet e a Democracia, John Razen.
 

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PROGRAMAÇÃO

Seminário Liberdade de Expressão e Criminalização em Tempos de Golpe

Quando: 23/7

Onde: Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal

Endereço: SIG Quadra 2 lotes 420/430/440 – City Offices Jornalista Carlos Castello Branco

10h – O papel da mídia na ruptura democrática e a criminalização dos movimentos sociais

Carla Guareschi – RENAP (Rede Nacional de Advogados Populares)

14h – Direito de Resposta e liberdade de expressão: quem está sujeito à lei

Liliane Machado, professora de Comunicação da UnB

Antonio Rodrigo Machado, advogado do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do DF (SJPDF)

Cynara Menezes, jornalista do blog “Socialista Morena”

Mediação: Marcos Urupá (SJPDF)

16h – Privacidade x vigilância em massa: os riscos na Internet

Marcelo Chivalquer, advogado e mestrando na Faculdade de Direito da USP, coordenou a regulamentação do Marco Civil da Internet no Ministério da Justiça

John Razen, diretor do Instituto Beta para a Internet e a Democracia (Ibidem) e professor de Direito no UniCeub

Mediação: Bia Barbosa (Intervozes/FNDC)