“Para avançar na educação precisamos derrubar esse governo golpista”, afirma Celi Taffarel

Professora da UFBA partipou do seminário Educação e Juventude, que aconteceu no Centro de Referência da Juventude, em Belo Horizonte.

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Por Nelsina Gomes
Da página do MST

Fotos: Elitiel Guedes

Com o tema Educação e Juventude, estudantes, educadores e interessados no assunto participaram de um seminário na manhã desta sexta-feira (22), no Centro de Referência da Juventude, no centro de Belo Horizonte, para discutir os desafios da educação na atual conjuntura. O evento, que integra a programação do Festival Nacional de Arte e Cultura da Reforma Agrária, foi idealizado pelos setores de educação e juventude do MST que trouxeram questões sobre o tema que afetam tanto o campo, quanto a cidade.

Para a doutora em educação, Celi Taffarel, “os desafios da educação são colocados a curto, médio e longo prazo”. “E no curto prazo, é preciso retirar esse governo golpista do comando do nosso país. Eles estão impondo retrocessos sem precedentes, isso aparece na educação, que tinha assento dentro do Ministério de Desenvolvimento Agrário, através do Programa de Educação da Reforma Agrária (PRONERA)”.

Celi relatou ainda que, a partir do momento que o comando da educação for retomado pelo governo legitimamente eleito da presidenta Dilma Roussef, é importante derrubar todos os entraves que impedem a democratização e a universalização do ensino e não garantem educação de qualidade ao povo brasileiro.

“A classe trabalhadora precisa da educação unilateral, que lhe possibilite avançar na transição para sair desse modo de produção selvagem capitalista, baseado na propriedade privada”, conclui.

Durante o seminário também foram discutidas alternativas para a implantação de uma educação de qualidade, que segundo os integrantes da mesa de debates, exigem a utilização de todos os mecanismos de lutas. O estudante secundarista Thierry Rosa comentou que o processo as ocupações de escolas no estado do Rio de Janeiro foram “um dos maiores aprendizados que tivemos”. “Foi o empoderamento, de saber que o aluno tem o direito e o poder de ajudar a transformar aquilo que não está dando certo”, relata Thierry.

Educação do Campo

Outra questão amplamente debatida pela mesa foi a educação no campo, principalmente aquela relacionada ao ensino médio, que não está presente nas áreas de reforma agrária, dificultando o acesso aos jovens do campo.

Segundo Flávia Tereza do Coletivo de Educação do MST “o que nos aproxima muito nesse levante de hoje são as escolas do ensino médio. Na maioria dos estados, a construção de escolas em diferentes níveis de educação já está em pauta de negociação e é uma questão mais avançada no campo. Mas as escolas do ensino médio não. Os jovens tem ido para cidade e tem criado um conflito muito grande no sentido dos valores da luta e as próprias conduções do movimento”, explica Flávia.

“Ao ir para a cidade, ainda existe certo preconceito, apesar dos 32 anos de luta isso ainda é forte”, completa a militante do MST.

Para Kelly Gomes, também do MST e estudante de agroecologia, debates como este devem acontecer sempre, para estimular o avanço na educação da juventude do campo.

“Muitas vezes nossos jovens de acampamento e assentamento estão na base e vivem todas essas questões, mas não tem espaço para discutir sobre o tema. Essa socialização ajuda a reforçar que a luta por educação deve continuar e ser vista por todos”, diz.

Possibilidades de transformação

A transformação só vira com as lutas conjuntas, afirma Paulo Henrique do Coletivo de Juventude do MST. “A sociedade brasileira está passando por uma série de desmontes contra suas conquistas e a juventude do campo e da cidade tem um papel fundamental na construção de um novo projeto de sociedade. A juventude precisa ir para as ruas, estimular as lutas conjuntas e propor de fato uma pauta coletiva, que ajude o processo de motivação da classe trabalhadora e a construção de um novo projeto de sociedade”.

“Estamos afirmando para a juventude das escolas, das periferias, dos assentamentos e dos acampamentos, que queremos uma educação de qualidade e não uma educação que reproduza o capital e as regras da sociedade burguesa”, conclui Paulo Henrique.