Festival Nacional de Arte e Cultura reúne mais de 58 mil pessoas em MG

No total, foram mais de 160 toneladas de alimentos comercializados durantes os cinco dias de Festival.
13692858_1306556026035362_1311975028521768072_o.jpg
A cantora Aline Calixto

 

Por  Maria Aparecida e Nelsina Gomes, com colaboração de Catiana de Medeiros
Da Página do MST 

Mais de 58 mil pessoas estiveram presentes durante os cinco dias do Festival Nacional de Artes e Cultura da Reforma Agrária, que aconteceu de 20 a 24 de julho em Belo Horizonte, Minas Gerais.

A programação ficou dividida entre dois polos principais, a Serraria Souza Pinto onde aconteceu a Feira Nacional da Reforma Agrária e as apresentações dos selecionados de música e poesia do Festival. Já o palco montado na Praça Estação recebeu grandes nomes da música brasileira como Chico César. Além disso, aconteceram atividades no Centro de Referência da Juventude (CRJ), no Minascentro e na Funarte. 

Feira

No total, foram mais de 160 toneladas de alimentos comercializados, entre pratos da  Culinária da Terra, os produtos industrializados e os produtos in natura.

Para Bruno Diogo, do Setor de Produção do MST, e um dos coordenadores do Festival, a feira é muito mais do que o evento em si. 

“Ela é uma ferramenta que prova para a sociedade brasileira que é possível produzir alimentos saudáveis, de qualidade, a um preço acessível para os trabalhadores. É também mais um exemplo de que a Reforma Agrária cumpre um papel social muito grande para o Brasil, que é de produzir alimentos”, afirmou.
Ainda para Diogo, “as centenas de militantes vindos de todas as regiões do país, voltam para seus assentamentos e acampamentos com o sentimento de dever cumprido, sabendo que mais do que vender, a experiência de trabalhar na perspectiva de uma alimentação saudável, é ainda mais enriquecedora e importante para o MST”. 

Na Culinária da Terra, especificamente, foram oferecidos cerca de 80 pratos típicos das regiões brasileiras. 
O estado do Pará trouxe 100 litros de Açaí para ser comercializado, já Minas Gerais vendeu aproximadamente 80 kg de feijão. Na Bahia foram 85 kg de peixes e 15 kg de camarão.

13698256_1306556459368652_5136666240361399299_o.jpg
Quadrilha Junina Caipiras da Serra 

 

Festival 

Nas apresentações do Festival, os números foram igualmente positivos. O palco presente no mesmo espaço que a Feira da Reforma Agrária e as barracas da Culinária da Terra propiciaram que todos os visitantes pudessem estar nos dois espaços ao mesmo tempo. Passaram pelas apresentações cerca de seis mil pessoas por dia. Mesmo número que viu então o Festival de Música e a Mostra de Poesia, além do Balaio Cultural.

Na Praça da Estação, aproximadamente 18 mil pessoas estiveram presentes nos grandes shows que encerravam todas as noites. Entre as apresentações, Chico César, Titane, Renegado, Pereira da Viola, Zé Mulato e Cassiano, entre outros.

Para Juliana Bonassa, do Coletivo de Cultura do MST, um saldo muito positivo na realização desta atividade e outras que já se vinha desenvolvendo, como as Feiras da Reforma Agrária nos estados, é a relação entre todos os setores do Movimento, principalmente, os de Cultura e Produção. “Essas duas relações são fundamentais, a compreensão de que alimento é cultura, de que tipo de alimento estamos falando e de que forma organizamos nossas áreas para esse tipo de alimento. Isso pra nós é fundamental. Fazer isso com a produção nos exige reforçar essa ideia do processual, porque é igual ao ciclo dos alimentos, é a mesma coisa na parte cultural”, afirma.

“Além de todas apresentações, nós tivemos a Trupe dos Encantados, a Brigada de Agitação e Propaganda, a ornamentação da Brigada Cândido Portinari, que esteve presente em todo o processo de coordenação, organização e mística do Festival. Para tudo isso, a gente tentou dar um caráter orgânico, numa perspectiva de que os temas gerais, que são da concepção da luta do MST, se evidenciassem”, esclareceu Juliana.

Na Mostra de Poesia e no Festival de Música, bem como em todo o processo do Festival de maneira geral, a avaliação deve partir de todo o processo, do antes, durante e depois. E esses foram processos muito ricos, segundo Juliana, de grande mobilização dos estados e participação dos mais diferentes processos estéticos.

13710656_1306556742701957_1739820938648229401_o.jpg
João Bá e Xangai

Dos números do Festival de Música, foram 150 canções inscritas, de 19 estados do país, com representatividade de todas as regiões (Nordeste: 23 inscrições, 8 selecionadas, 6 classificadas / Amazônica: 3 canções inscritas, 1 selecionada, 1 classificada / Sudeste: 52 inscritas, 22 selecionadas, 9 classificadas / Centro-oeste: 21 inscritas, 8 selecionadas, 3 classificadas / Sul: 6 inscritas, 1 selecionada, 1 classificada). Destas, 56 são de autoria de integrantes do MST e 49 de amigos. 12 tiveram mulheres como autoras.
Daqueles da Mostra de Poesia, foram 195 poesias inscritas. 96 de autoria de integrantes do MST e 99 de amigos. Destas, 78 poesias são de autoria de mulheres. Representatividade de todas as regiões brasileiras, de 18 estados do país (Nordeste: 19 poesias inscritas, 7 selecionadas / Amazônica: 23 inscritas, 9 selecionadas / Sudeste: 93 inscritas, 22 selecionadas / Centro-oeste: 43 inscritas, 17 selecionadas / Sul: 17 inscritas, 5 selecionadas). Destas selecionadas, 27 são de autoria de mulheres.

Outro ponto importante, foram os temas trabalhados nestes dois processos, como a homossexualidade, a transsexualidade, entre outros. “Se estamos falando em trabalhar uma revolução para a classe trabalhadora, nós não podemos nos fechar numa caixinha”, reflete Juliana.

Para ela, o processo não pode se encerrar aqui, no evento em si. “Estamos fazendo um debate de que falar de cultura só para evento, nós não queremos. Vamos fazer o que nós entendemos que é do conjunto e é importante, claro!, até porque nós adquirimos uma condição de realizá-los, mas se morrer só nisso, não tem sentido para a luta, para a continuidade da luta. É pouco.”