Educadores debatem as modalidades de ensino durante Encontro

Diversas rodas de conversas foram realizadas, construídas a partir das modalidades de ensino existentes nos assentamentos e acampamentos.

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Por Coletivo de Comunicação do MST na Bahia

 

Na última sexta-feira (16), ocorreu o segundo dia do 18º Encontro Estadual de Educadores e Educadoras do MST, no Centro de Treinamento da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), em Salvador.

Diversas atividades de formação foram realizadas neste dia através de rodas de conversas construídas a partir das modalidades de ensino existentes nos assentamentos e acampamentos do MST na Bahia, com o objetivo de discutir a implementação de uma escola agroecológica e da classe trabalhadora.

“Infância Sem Terra”, o “Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera)”, “Educação de Jovens Adultos (EJA)”, “Adolescência e Juventude” foram os grupos criados que dividiram os educadores e educadoras do encontro para construírem coletivamente novas alternativas de ensino.

Infância Sem Terra

Durante a roda de conversa “Infância Sem Terra”, Josenilza Alves Figueiredo, mais conhecida como Zena, do coletivo estadual de educação do MST, disse que dentro da educação infantil o principal objetivo é que as crianças sintam-se os sujeitos construtores de sua própria história e para isso, precisam ser valorizadas e respeitadas.

“A infância é o tempo da construção humana. Nesse intuído é preciso que as crianças não só venham para escola ou esteja nesse espaço por estar, é importante que elas também se compreendam, que tenham vez e tenha voz”, explicou Zena.

EJA e agroecologia

“Qual seria os métodos de ensino construídos em sala de aula para trazer os jovens e adultos ao estudo?”, foi uma das perguntas realizadas durante a roda de conversa da EJA e Maria Hélia, coordenadora pedagógica na Escola Oziel Alves Pereira, no extremo Sul, contextualizou afirmando que a evasão escolar está ligada diretamente com o processo histórico de opressão sofrida pela classe trabalhadora.

Hélia acredita que a classe dominante sempre utilizou do analfabetismo para manter o controle sobre os trabalhadores e trabalhadoras. “Diante disso não há uma receita pronta. Nós podemos nos espelhar em Paulo Freire que valorizava o cotidiano através dos ciclos de cultura e a própria vivencia do aluno no seu espaço de trabalho”.

“Algo que está dando certo é a utilização da agroecologia na sala de aula, porque ela nos possibilita um novo caminho e uma nova forma de incentivar esses homens e mulheres a ler e a exercitar tudo que aprendeu, pois eles já praticam alguns princípios da agroecologia”.

“O Pronera é uma conquista do povo”

 

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Explicando o avanço das lutas pela Reforma Agrária no Brasil e apontando o Pronera como uma política estruturante de várias conquistas, Adenilza Monteiro, militante do MST na Bahia, falou que o Pronera é uma política de educação do campo desenvolvida pelo governo para áreas da Reforma Agrária.

“A educação do campo é um direito de todos e se realiza por diferentes territórios e práticas sociais que incorporam a diversidade do campo. Hoje nós temos quatro campos universitários onde o Pronera atua aqui na Bahia. O pioneiro foi na Universidade Estadual da Bahia (UNEB), em seguida foi a Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB), temos também na Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) e no Instituto Federal da Bahia (IFBA). O Pronera abriu um leque sem precedentes para a educação do campo, dando oportunidade para todos que estão envolvidos com o campesinato”.

Juventude Sem Terra

Já na roda de conversa “Adolescência e Juventude”, os educadores iniciaram as reflexões acerca do atual cenário político vivido no Brasil. Karla Oliveira, do coletivo de juventude do MST, destacou que “estamos enfrentando, com o golpe, um retrocesso atrás do outro e os jovens do campo são diretamente afetados”.

“Não ficaremos inertes em relação a esse retrocesso, iremos às ruas protestar e empenharemos todas as nossas forças para enfrentar esse governo golpista, deixando claro que esse golpe veio tirar todos os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras, e principalmente da juventude do Brasil.”

Diante dessas discussões e provocações, o dia ficou pequeno e o conhecimento adquirido, segundo os educadores e educadoras, ampliou a visão política.

As atividades do encontro se estenderam até sábado (17), onde os participantes debateram ainda alimentação saudável e agroecologia.

 

 

*Editado por Rafael Soriano