CLOC e Via Campesina realizam missão de solidariedade com o Campesinato Colombiano

Ao final, será divulgado um informe público preliminar sobre a realidade do campo colombiano e o papel das organizações camponesas no contexto de construção da Paz

 

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Da Página do MST

Entre os dias 20 a 24 de setembro a Coordenadora Latino-Americana de Organizações Camponesas-CLOC e a Via Campesina Internacional realizam uma Missão Internacional de Solidariedade com os territórios camponeses na Colômbia.

O objetivo é oferecer apoio aos movimentos camponeses nos debates de paz no país, fruto de intensas negociações entre o governo e a guerrilha, que solicitaram a FAO, a União Europeia e a CLOC-Via Campesina, acompanhar a implementação dos acordos de paz no que se diz respeito à Reforma Agrária.

A Missão Internacional é formada por dirigentes da CLOC e da Via Campesina, provenientes de 16 países de quatro continentes. Os representantes acompanharão audiências públicas em Putumayo, Cauca, Meta, Magdalena y Norte de Santander.

Ao final, será divulgado um informe público preliminar sobre a realidade do campo colombiano e o papel das organizações camponesas no contexto de construção da Paz, cuja implementação do ponto 1 do Acordo realizado em Havana, Cuba, será acompanhado pela Via Campesina.

O Primeiro ponto do acordo de paz se trata de uma reforma agrária integral, “Por um novo campo colombiano, reforma agrária rural integral”, que busca gerar uma nova geopolítica num país, fortemente dominado pelo agronegócio em que os camponeses e as camponesas seguem sendo perseguidos e exterminados.

A Colômbia tem aproximadamente 42 milhões de ha para produção agropecuária, destas 80% são usadas para criação de gado e apenas 20% para agricultura, ou seja, 8,5 milhões de ha. No entanto, deste montante, cerca de 7 ha são dedicados para produção de monocultivos de exportação e somente 1,4 milhões são dedicados para agricultura de consumo interno.

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Saiba mais informações sobre a questão Agrária na Colombia

Assim como no Brasil, a concentração da terra improdutiva gera grandes desigualdades e violência no campo. Apenas 0,4% da população colombiana detêm 46% de posse da terra. O acordo buscará otimizar a agricultura nestas hectares com potencial agrícola no país para que a reforma agrária seja efetivada e os cerca de 5 milhões de camponeses no país, tenham acesso à mecanismos que garantam a produção, o beneficiamento e a comercialização dos seus produtos.

Apesar dos acordos firmados, organizações colombianas seguem denunciando, uma série de assassinatos e perseguições a lideranças sindicais e camponesas. Em virtude do conflito, nos últimos cinquenta anos, milhões de camponeses foram expulsos de suas terras que foram apropriadas por grandes empresas.

A Missão que se encerra neste sábado com um evento central no município de Apartadó, na região bananeira de Urabá antioqueño, também se solidariza com as ações que denunciam as situações de violação de Direitos Humanos dos camponeses no país.

Nesse sentido, os movimentos e organizações populares colombianas seguem em mobilização permanente e exigem do governo garantias para a luta social e política no país. Além do livre exercício da atividade sindical, e, sobretudo, a desarticulação do paramilitarismo e a investigação dos crimes contra lideranças populares.

*Com informações da CLOC-Via Campesina