MAM realiza I Encontro Estadual em conjunto com a III Jornada Antinuclear do Ceará

A atividade dá continuidade às jornadas antinucleares realizadas para debater o Projeto de Santa Quitéria, que pretende realizar a exploração e o beneficiamento de urânio e fosfato no município

 

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Por Coletivo de comunicação MAM

No Brasil, a atividade de mineração de grande, médio e pequeno porte já afeta mais de 1 milhão de pessoas. As resistências e os protestos contra a exploração mineral têm se repetido e se estendido por várias regiões, principalmente onde a mineração se tornou mais agressiva e os recursos minerais foram intensamente privatizados.

A existência de conflitos em áreas de mineração não é um fato novo. No entanto, o que anteriormente se restringia a questionamentos contra os impactos provenientes da mineração e luta por direitos sociais, agora se transforma, cada vez mais, em oposições mais contundentes contra a implantação dos grandes projetos minerais, ou em movimentos antimineração.

Tendo em vista esse contexto, nos dias 10 a 12 de novembro, a cidade de Santa Quitéria sediou o I encontro do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM) e a III Jornada Antinuclear, que é uma iniciativa da Articulação Antinuclear do Ceará. A atividade dá continuidade às jornadas antinucleares realizadas anteriormente debatendo o Projeto de Santa Quitéria, empreendimento que pretende realizar a exploração e o beneficiamento de urânio e fosfato no município. 

Participaram da atividade cerca de 200 pessoas oriundas de comunidades locais, estudantes e movimentos sociais, como o Levante Popular da Juventude, MST, PJMP, PJR, MAM, Núcleo Popular, MDV, VRRA. Além do Mandato é Tempo de Resistência e entidades como Cáritas de Sobral e Cáritas Regional Ceará, TRAMAS, Coletivo Urucum, Sindicatos, aldeia Indígena Serrote do Campo – Pernambuco e Caetité – Bahia em um momento de formação, intercâmbio de experiências e saberes.

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Partilha de conhecimentos sobre a mineração no Brasil

O primeiro dia do encontro foi marcado por vários debates e manifestações culturais; pelo compartilhamento do saber popular e pelas inúmeras experiências de resistência dos vários municípios e territórios participantes.

Para os debates sobre a conjuntura foram convidadas Soraya Tupinambá do “Mandato é tempo de resistência”, Psol e Antônia Ivaneide (Neném) do MST, ambas abordaram temas como, as ocupações de escolas e universidades, PEC 241/55, a precarização dos direitos dos trabalhadores, privatização dos recursos naturais e o favorecimento dos grandes empreendimentos. 

“É tão complexa a realidade que vivemos, não é fácil compreender esse momento. É importante que a gente veja o momento deste país como o fim de um ciclo e que essa conjuntura demanda trabalho de base”, lembrou Soraya Tupinambá.

Na discussão sobre a questão mineral no Brasil e no Ceará participaram da partilha Charles Trocates, integrante do MAM nacional, Raquel Rigotto, do Núcleo Tramas – UFC, Francisco Eufrásio do Assentamento Morrinhos, uma das comunidades afetadas pela mina de itataia e Francisco Pinheiro, do Sindicato Trabalhadores e Trabalhadoras Ruraais de Quiterianópolis. Cada uma delas com realidades diferentes tendo em comum os impactos e a luta pela vida contra a mineração.

“Eu venho da margem do Rio São Francisco, e de uma cidade muito pequena, mas impactada por um projeto tão grande. Há cinco anos estamos na luta e não deixamos acontecer a mineração na nossa comunidade”, partilhou Lucélia, Indígena Pankara de Itacurura – PE.

A programação do primeiro dia terminou com o lançamento da história em quadrinhos “Ceará Antinuclear: Em defesa da vida, da água e por justiça ambiental”, que retrata os riscos que as comunidades e populações podem sofrer com a possibilidade da mineração. Ainda na noite, um sarau de poesias e muita animação dos povos do semiárido, um povo que “padece mais não esmorece e procura vencer” como já dizia Patativa, encerrou a programação noturna.

*Edição Iris Pacheco