MST agradece solidariedade enviada por diversos segmentos sociais

“A melhor forma é seguir lutando a cada dia contra todas as formas de opressão, em qualquer parte do mundo”

Da Página do MST 

Após ação policial que envolveu três estados: Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul, e teve como principal objetivo prender e criminalizar as lideranças dos Acampamentos Dom Tomás Balduíno e Herdeiros da Luta pela Terra, militantes assentados da região central do Paraná. No PR, oito militantes foram presos, o MST recebeu inúmeras mensagens de solidariedade provenientes de artistas, intelectuais, movimentos e organizações em todo o mundo. 

Confira compilado de notas internacionais aqui 

Diante de tamanha solidariedade recebida, o Movimento divulga uma carta de agradecimento em que afirma que a melhor forma de fazê-lo “é seguir lutando a cada dia contra todas as formas de opressão, em qualquer parte do mundo e como o grande mestre e patrono da Escola, Florestan Fernandes nos ensinou “não se deixar cooptar, não se deixar dividir, não se deixar esmagar, Lutar Sempre!”. 

Acesse o compilado de notas nacionais aqui 

Para o Movimento, as centenas de mensagens recebidas mostraram que se o inimigo é forte, ainda somos muitos os que não esmorecemos. 

“As palavras, em tão diferentes idiomas, tiveram força para parar, pelo menos desta vez, a força das armas e impediram que o pior acontecesse. As lutas se fizeram uma só, uma luta por justiça e dignidade, aqui e em qualquer parte do mundo”, afirmou em carta de agradecimento.

Abaixo um compilado dos apoios recebidos em vídeo. 
 

Leiam carta de agradecimento na íntegra em português. Tem também versões em espanhol e inglês.

Queridas amigas e amigos, companheiros e companheiras,

Sexta-feira, dia 04 de novembro, acordamos com o coração apertado. Os tempos sombrios de violência e injustiça desmedida, que tivemos esperança não se repetiriam em nosso país, pairavam no ar. Estava em curso uma perseguição policial ao nosso movimento, e mais que isso, uma perseguição simbólica aos valores e projeto que defendemos.

5h Paraná: 08 prisões. 7hs Mato Grosso do Sul: cerco a Centro de Formação do MST. 9hs Escola Nacional Florestan Fernandes: 10 camburões, chutes, tiros, algemas, ameaças de morte e duas prisões. 

Nesse momento, sem saber de nada, uma poetiza maranhense citava o escritor moçambicano Mia Couto: “Este mundo tem mais dentes que bocas. É mais fácil morder que beijar”. E logo em seguida evocava Che Guevara: “Hay que endurecerse pero sin perder la ternura jamás”. O debate era parte da Semana de Arte e Cultura da ENFF a qual assistiam mais de 150 militantes de organizações e movimentos populares de mais de 40 países de todo o mundo, o tema, a cultura popular e a batalha de ideias, trincheira cada vez mais urgente e necessária.

Poderiam as palavras barrar a força das armas que invadiam a escola naquele momento? Como enfrentar a truculência de homens raivosos sob mando de um estado que não respeita trabalhadores e nem mesmo crianças ou idosos? Resistiríamos?

Nossas armas não são as mesmas. Naquele dia, com os rostos estampados de incredibilidade, dúvidas e mesmo medo, cantamos, falamos de poesia, gritamos por nossos direitos e, na mesma hora, palavras de indignação, solidariedade e protesto começaram a chegar de todas as partes do mundo, como se os mais de duzentos que estávamos na escola, resistindo, se multiplicassem. O sentimento de cerco rapidamente se transformou no calor de um abraço apertado. O olhar de cada um e cada uma que se fizeram presentes nesse dia e, em especial, no dia seguinte reforçaram nossa confiança na luta. As centenas de mensagens recebidas nos mostraram que se o inimigo é forte, ainda somos muitos os que não esmorecemos.

As palavras, em tão diferentes idiomas, tiveram força para parar, pelo menos desta vez, a força das armas e impediram que o pior acontecesse. As lutas se fizeram uma só, uma luta por justiça e dignidade, aqui e em qualquer parte do mundo.

Como retribuir tamanha solidariedade que recebemos mais uma vez e tão prontamente na ENFF e no MST? Acreditamos que a melhor forma é seguir lutando a cada dia contra todas as formas de opressão, em qualquer parte do mundo e como o grande mestre e patrono da Escola, Florestan Fernandes nos ensinou “não se deixar cooptar, não se deixar dividir, não se deixar esmagar, Lutar Sempre!”

Nosso caloroso e fraterno abraço!