Curso sobre Feminismo e Marxismo é realizado no Rio Grande do Sul

Formação reuniu cerca de 60 mulheres no assentamento Filhos de Sepé, em Viamão, na região Metropolitana de Porto Alegre
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Por Catiana Medeiros
Da Página do MST

Sem Terra de acampamentos e assentamentos da Reforma Agrária do Rio Grande do Sul participaram, entre os dias 9 e 11 de dezembro do Curso Feminismo e Marxismo, realizado no assentamento Filhos de Sepé, em Viamão, na região Metropolitana de Porto Alegre.

Conforme Roberta Coimbra, da coordenação do setor de Gênero do MST/RS, o objetivo da formação é atender uma demanda antiga de estudo sobre o feminismo popular nos espaços do Movimento.

“O curso é um momento de aprendizado, mas também de conspiração para as lutas. Ele já existe em nível nacional na Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF) e, agora, descentralizamos para os estados”, argumentou.

Durante a formação, a educadora Vanessa Gil, da Marcha Mundial de Mulheres (MMM), explicou como o patriarcado interfere de forma negativa na vida das mulheres, sobretudo em relação ao trabalho. Gil também apresentou o documentário &”39;Mulheres Invisíveis&”39;, produzido pela Sempreviva Organização Feminista (SOF).

O documentário mostra algumas contradições como o fato das mulheres trabalharem, em média, 30 horas a mais por semana que os homens com salários 30% menores, além de sofrerem constantes assédio sexual e moral em ambientes de trabalho.

“O patriarcado tem aliança com o capitalismo, por isso, é fundamental que estejamos organizadas para nos fortalecermos e defendermos os nossos direitos. Nós temos que olhar para as lutadoras do passado para aprender com elas e construir um mundo novo, onde homens e mulheres tenham os mesmos direitos”, apontou Gil.

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Considerando a importância de resgatar o legado de feministas da América Latina, o curso também contou com momentos de estudo sobre Patrícia Galvão (Pagu) – a primeira brasileira presa política por lutar pelos direitos das mulheres -, Micaela Bastida, que lutou para livrar o povo peruano dos colonizadores e ajudou a liderar a rebelião de Tupac Amaru -,e a ambientalista Berta Cáceres, hondurenha que deu a vida pela luta dos povos indígenas.

O curso também contou com a participação da coordenadora do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras por Direitos (MTD) Eliane de Moura, que tratou do desenvolvimento do feminismo e suas correntes ao longo da história. Para ela, o machismo sempre esteve presente na sociedade e as mulheres historicamente sofrem com a hierarquização dos salários, espaços, status e valor.

“Estamos numa conjuntura triste que nos trouxe muitas derrotas, mas precisamos nos manter firmes e articuladas para lutar por nossos direitos. Temos que enxergar a nossa luta não como um sacrifício, mas como uma felicidade que é construída no coletivo e em momentos como este. Assim nos sentimos melhores, mais fortes e mais sábias”, encorajou.

A dirigente nacional do setor de gênero do MST, Atiliana Brunetto falou sobre o feminismo popular e camponês, que está sendo construído pelos movimentos da Via Campesina Internacional a partir de elementos marxistas.

“O feminismo que defendemos abraca um projeto amplo de transformação social, que parte da ótica das mulheres que vivem no campo, entre elas as Sem Terra, quilombolas e indígenas. Ele está ligado à valorização das lutas que fizemos em defesa dos nossos direitos, a partir da nossa realidade e dos nossos sonhos”, finalizou.

*Editado por Maura Silva