MST ocupa área de ex-prefeito de Montes Claros, acusado de corrupção

A fazenda possui uma dívida milionária no banco, foi arrematada pelo grupo Soebrás, porém, nunca foi paga
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Por Geanini Hackbardt
Para Página do MST

Cera de 150 famílias Sem Terra ocuparam na madrugada desta segunda-feira (16), a sede da  Fazenda Norte América. 

A área de três mil hectares é improdutiva e existe indícios de que era utilizada pelo ex-prefeito de Montes Claros (MG), Rui Muniz e seus sócios, para lavagem de dinheiro.

A fazenda, que possui uma dívida milionária no banco, foi arrematada pelo grupo Soebrás (Sociedade de Educativa do Brasil), porém, nunca foi paga.

A Soebrás é uma das várias entidades filantrópicas utilizadas por Ruy Muniz para desviar recursos federais e da prefeitura de Montes Claros. Por tais desvios, o ex-prefeito foi detido em setembro de 2016, assim como seus sócios. Destaca-se Leonardo Andrade, que ocupava o cargo de secretário de Desenvolvimento Sustentável, Meio Ambiente e Agricultura na prefeitura.

Leonardo é conhecido como proprietário da área e durante a ocupação, uma senhora que se identificou como mãe dele foi encontrada na casa sede. Empregados da fazenda afirmaram obedecer ordens de Leonardo e não possuir carteira assinada, mesmo após nove anos de trabalho.

 

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Latifundiário

Ruy Muniz foi preso em 2016 no dia seguinte à votação do impeachment da Presidente Dilma Roussef. Na ocasião, sua mulher Raquel Muniz, deputada, dedicou o voto à integridade moral do marido afirmando que “o Brasil tem jeito e o prefeito de Montes Claros mostra isso para todos nós, com sua gestão. Por isso eu voto sim, sim, sim”. 

Atualmente ele responde a processo, acusado de estelionato, falsidade ideológica, prevaricação e desvio e|ou apropriação de recursos públicos.

Muniz responde a inúmeros casos de desvio de recursos públicos utilizando entidades filantrópicas. Em 1987 cumpriu pena por dar golpe num banco público e atualmente responde por reter as verbas destinadas ao SUS em Montes Claros, para precarizar o atendimento público de saúde e beneficiar seu hospital particular.

Outro caso é de desvio de gasolina da Empresa Municipal de Serviços, Obras e Urbanização (Esurb), com um rombo estimado em mais de R$ 20 milhões, dinheiro que seria usado para pagar as prestações da mansão da família Muniz. Para possibilitar o esquema, Leonardo Andrade e Cristiano Júnior foram nomeados em cargos estratégicos na administração municipal. Ambos são apontados como “laranjas”, de Muniz, figurando como sócios do “conglomerado empresarial”.

De acordo com investigação do Ministério Público, o grupo do ex-prefeito e da deputada soma 146 pessoas jurídicas que sugam milhões dos recursos públicos há anos, através das chamadas entidades filantrópicas.

 

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