MST na Bahia se levanta contra LGBTfobia
Por Coletivo de Comunicação do MST na Bahia
Uma temática que tem ganhado espaço no debate da Reforma Agrária Popular são as relações de gênero e a construção de uma identidade de classe vinculada a dimensão da sexualidade. Foi pensando nisto, que o MST na Bahia trouxe para o 29º Encontro Estadual, no Parque de Exposições Agropecuárias de Salvador, a discussão da “Diversidade Sexual”, abordando questões que dialogam com a construção da afetividade e da liberdade de amar.
O painel aconteceu na última quarta-feira (11) e foi mediado por Erivan Hilário, da direção nacional do MST e do coletivo LGBT Sem Terra, onde focou no contexto histórico de perseguição aos LGBT ao longo do tempo, a construção da identidade de gênero, orientação sexual e o protagonismo dos sujeitos na luta por direitos.
“A falta de informação e sensibilidade, somadas ao patriarcado faz com que a família e a sociedade não compreendam que ser LGBT, nada mais é, do que ser gente”, e continua, “para isso é necessário descolonizar o conhecimento, para que desde cedo, nossas crianças aprendam que possuem o direito da escolha e o dever de respeitar a escolha dos outros”.
“O amor não diverge de lutar, isso é essencial para aprendermos a somar essas questões a nossa tática para assim reafirmarmos o nosso projeto político de emancipação humana e transformação social”, afirmou Hilário.
MST contra LGBTfobia
Pela primeira vez, em 30 anos na Bahia, o MST trouxe o tema da diversidade sexual para um Encontro Estadual, no qual o processo de projeção das lutas é apontado para o próximo período. Isso é resultado de uma intensa articulação e construção interna do debate pelos próprios sujeitos LGBT Sem Terra, através de intervenções, rodas de conversas e discussões nos assentamentos e acampamentos contra a LGBTfobia.
Os dados são alarmantes. Alguns números apontam que a cada 28 horas um homossexual é morto no Brasil, porém esses índices crescem e muitos casos são ocultos.
A luta dos LGBT vem crescendo dentro do MST, exemplo disso, foi o seminário “O MST e a Diversidade Sexual”, realizado de 07 a 09 de agosto de 2015, na Escola Nacional Florestal Fernandes (ENFF), com o objetivo de discutir o lugar que os sujeitos ocupam a partir da Reforma Agrária Popular. Nesse sentido, outros espaços foram realizados em diversos estados para denunciar a LGBTfobia e construir linhas políticas de enfrentamento a violência.
“Sou LGBT e sou Sem Terra”
Thiago Hungria, que se identifica quanto gay, é militante do MST e atua no setor de gênero no baixo sul do estado. Para Ele, o debate da sexualidade ainda é um “tabu” e estamos construindo espaços para rompermos com o preconceito.“Para isso, precisamos compreender de fato os reais desejos e sentimentos, para que a partir disso possamos nos entender quanto sujeitos e assim, construtores de nossa história”.
“No início do meu processo eu tive muito medo do mundo, porém, aos poucos, consegui romper o meu preconceito para depois seguir na luta e romper as barreiras do preconceito na sociedade. Aprendi da maneira mais difícil a viver a vida”, explicou Hungria.
O encontro segue
As atividades do encontro continuam até sábado (14), abordando diversos temas e planejando ações de luta para o próximo período, entre elas, impulsionar o debate da diversidade sexual nos assentamentos e acampamentos.
Para assistir o depoimento completo do representante da direção nacional do MST, Erivan Hilário, clique aqui