“O capitalismo pode destruir nossa sociedade de ‘25’ maneiras diferentes”

Essa foi a conclusão dos mais de 1,5 mil Sem Terra, que participam do 29º Encontro Estadual do MST na Bahia
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Momento de mística na abertura do 29° Encontro Estadual na Bahia 

Por Coletivo de Comunicação do MST na Bahia

A retirada de direitos implementadas no país, através das medidas golpistas do presidente não eleito Michel Temer (PMDB), apontam de maneira drástica o avanço do conservadorismo também no campo brasileiro, marginalizando os sujeitos construtores do que conhecemos hoje como agricultura.

Pensando nessas questões, na última sexta-feira (13), os mais de 1,5 mil Sem Terra, que participam do 29º Encontro Estadual do MST na Bahia, debateram as influências do agronegócio na cultura popular e na apropriação do discurso agroecológico.

Em denúncia, Ana Chã e Felipe Campelo, ambos do MST, mediaram o debate apontando diversos desafios e questionando a natureza do agronegócio.

De acordo com Campelo, vivemos numa sociedade doente,- capaz de ir à lua-, porém pode nos destruir de 25 maneiras diferentes. “O agronegócio se baseia na concentração de terra, que chamamos de latifúndios, e nos monocultivos, voltados apenas à exportação e a serviço de grandes industrias, com alto uso de veneno e adubos químicos, sem nenhum respeito a humanidade”.

Ampliando as discussões, Ana Chã, afirmou que a cultura e educação são instrumentos que estão sendo usados para manipular a população em defesa do projeto do agronegócio. “Nossa forma de ver o mundo está sendo ressignificada pelo agronegócio e a mídia ajuda a tirar o povo da terra com a ideia de que morar no campo é atrasado e que a cidade é muito melhor”, explicou.

“As empresas do agronegócio têm o total apoio político do Senado, onde diversas ações são construídas pelas empresas com a finalidade de impor um projeto de sociedade que explora ainda mais o trabalhador e a trabalhadora, isso é um debate presente nas relações culturais”, disse Chã.

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Ana Chã fala sobre a natureza do agronegócio.

Agroecologia

Nesse sentido, Elizabeth Rocha, da direção nacional do MST, salientou que estamos falando de uma agricultura que também constrói mecanismos de exploração contra a natureza e por isso, precisamos criar uma alternativa de se relacionar com o mundo.

“Se não nos atentarmos a isto, teremos consequências, como o aquecimento global, a diminuição das águas doces, a perda da biodiversidade e a desertificação”.

Nessa perspectiva, “a agroecologia que se contrapõe ao modelo do agronegócio dialoga com uma outra alternativa de vida e portanto, é uma forma de intervenção com a natureza, valorizando os conhecimentos e saberes populares construídos culturalmente”, afirmou Rocha.

Respeito à vida

A agroecologia para o MST, de acordo com a direção do Movimento na Bahia, tem como base compreender e implementar um modelo produtivo que respeite o sistema vivo, – o solo, animais, plantas e águas-, através da produção de tecnologias pelos próprios camponeses, resgatando as sementes crioulas, os insumos e implementos produtivos.

Com isso, a promoção da formação através de diversas discussões em espaços de debates, pesquisa e divulgação da agroecologia foram levantadas como ferramentas de diálogo com a sociedade.

Educar, produzir e lutar foram sinônimos nos debates, o que ajudou no processo de formulação e projeção desta temática para o próximo período.