Mulheres camponesas se mobilizam em todo o estado de Pernambuco
Por Phillyp Mikell
Da Página do MST
Foto: Paulo Henrique
Enfim chegou o 8 de Março, data tão esperada pelo conjunto dos movimentos populares, e que este ano tem assumido um caráter de enfrentamento às pautas do governo golpista, que visam aprofundar as desigualdades de gênero já tão enraizadas em nossa sociedade.
Em todo Brasil, ocorrem mobilizações desde o começo do mês, em uma Jornada de Lutas protagonizada pelas lutadoras populares do campo e da cidade. E em Pernambuco não tem sido diferente.
Em Caruaru, no interior do estado, cerca de mil lutadoras se reuniram às oito horas da manhã e seguiram em marcha pelo centro da cidade. A primeira parada foi em frente à Câmara de Vereadores, onde o movimento entregou uma carta de denúncia sobre baixa representatividade das mulheres no legislativo municipal, que hoje conta com apenas uma mulher. O documento também teve a intenção de pressionar os parlamentares a se posicionarem contra a reforma da Previdência. Depois, a marcha seguiu até a prefeitura e ocupou a sede do INSS para gritar em alto e bom som “não à reforma da Previdência, é pela vida das mulheres”, tema que marca as lutas deste ano.
As organizadoras do ato estimam que mais de mil mulheres participam da ação encabeçada pela Frente Feminista do município, uma iniciativa que busca aglutinar os movimentos e partidos que fazem a luta pelo feminismo popular. Compareceram ao ato o MST, que mobilizou trabalhadoras camponesas de municípios vizinhos – São Caetano e Altinho, o Levante Popular da Juventude, a Marcha Mundial de Mulheres, a Fetape, Cut, MMTR, STR, o coletivo Olga Benário, UJS, e a Frente Brasil Popular, representada por várias organizações.
Ainda no interior do estado, houve mobilizações em Petrolina, onde 500 mulheres ocuparam a Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Paraíba); na Mata Norte, 150 mulheres do MST, da Comissão Pastoral da Terra (CPT) e Fetape (Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Pernambuco) se reuniram; Palmares, na Zona da Mata Sul, onde foi realizada uma manifestação com 150 lutadoras; e em Floresta, onde 300 mulheres ocuparam a sede do INSS.
Na capital Recife, as mulheres da Via Campesina ocuparam a Agência do INSS na avenida Mario Melo, no centro da cidade. Cerca de 700 mulheres participaram da ação contra a reforma da Previdência proposta por Temer.
Estas mobilizações denunciam os efeitos cruéis que a reforma da Previdência terá na vida das mulheres, pois a medida visa equiparar a idade mínima de aposentadoria para homens e mulheres, sem levar em conta as jornadas de trabalho dupla e tripla das mulheres, bem como a maior dificuldade na inserção ao mercado de trabalho e a desigualdade de salários entre os gêneros. A medida ainda aprofunda o abismo entre campo e cidade, quando retira o regime “especial” para trabalhadoras e trabalhadores rurais.
*Editado por Leonardo Fernandes