Em defesa da Previdência, milhares de pessoas se manifestam em Mato Grosso do Sul

Além da capital, Campo Grande, ocorreram manifestações em diversas outras cidades do interior do estado.

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Por Janelson Ferreira
Da Página do MST 
Fotos: Etiel Freitas Jr. 

 

A quarta-feira (15) foi marcada por diversas manifestações no Mato Grosso do Sul. Várias cidades registraram protestos contra a proposta de reforma da Previdência do governo ilegítimo de Michel Temer. Na capital, Campo Grande, cerca de 20 mil pessoas realizaram uma marcha pelas principais ruas da cidade. A mobilização fez parte da Jornada Nacional de mobilizações e paralisações, convocada pela Frente Brasil Popular e a Frente Povo Sem Medo, centrais sindicais e outras organizações populares.  

Mais cedo, ainda na madrugada, cerca de 500 pessoas bloquearam a saída dos ônibus urbanos de suas garagens. Após diálogo entre os manifestantes, os funcionários do transporte público decidiram aderir ao protesto. Com as garagens fechadas, os ônibus voltaram a circular somente depois das 8h. 

De acordo com Marina Ricardo Nunes, da Direção Nacional do MST, estas mobilizações marcam o começo da resposta da população contra os ataques do governo Temer. “Isto é apenas o começo, muito mais virá. A classe trabalhadora não vai ver todos estes ataques sentada. Ela vai reagir”. Além da reforma da Previdência, Marina aponta outros ataques aos direitos de trabalhadoras e trabalhadores. “Tem a reforma trabalhista, a MP 759, que deseja acabar com a Reforma Agrária, além da tentativa de aprovar a venda de terras para estrangeiros, pela lei 4059/2012”, argumenta a dirigente. 

 

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A reforma da Previdência, proposta por Michel Temer por meio da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 759, pretende aplicar um duro golpe a um importante direito da classe trabalhadora, que é a Previdência Social. Atualmente, cerca de 500 bilhões de reais que deveriam ser destinados ao financiamento do sistema previdenciário estão sendo usados para o pagamento de juros da dívida pública. O objetivo do governo Temer é entregar a Previdência para a iniciativa privada, gerando um sério risco aos milhões de trabalhadores e trabalhadoras. Pela proposta, os trabalhadores e trabalhadoras do campo seriam os principais afetados, pois a ela acaba com o regime de aposentadoria especial para os camponeses, desconsiderando-se todas as peculiaridades do trabalho do campo. 

Acampamento é montado em frente à casa de deputado

Após a marcha pelo centro de Campo Grande, centenas de manifestantes se deslocaram para o condomínio no qual mora o Deputado Federal Carlos Marun (PMDB). No local, aproximadamente 500 pessoas ergueram um acampamento e pretendem ficar lá por tempo indeterminado. O deputado é presidente da Comissão Especial que analisa a proposta de reforma da Previdência na Câmara dos Deputados. Marun já afirmou ser favorável à reforma. O peemedebista pretende levar o projeto ao plenário no mês de maio.

Carlos Marun tornou-se nacionalmente conhecido após compor a chamada “tropa de choque de Eduardo Cunha”, grupo formado por deputados defensores ferrenhos do ex-deputado federal que foi cassado e é réu em processos criminais. Durante a sessão da votação do mandato de Eduardo Cunha, Marun tentou por diversas vezes dificultar seu andamento, numa tentativa desesperada de defender o aliado. Após a prisão de Cunha, Marun utilizou verba pública para visitar o aliado em Curitiba. 

Outras cidades do estado também tiveram manifestações

Além de Campo Grande, trabalhadoras e trabalhadores se organizaram contra a reforma da Previdência em diversas outras cidades do estado. Em Dourados, cerca de 8 mil pessoas, entre indígenas, professores, estudantes, além de vários outros sindicatos e organizações participaram das mobilizações. As trabalhadoras e trabalhadores percorreram as principais ruas da cidade. No período da tarde houve uma palestra sobre a reforma da Previdência. 

O encontro entre a BR-163 e a BR-267 foi fechado por cerca de 200 pessoas. O ponto é uma importante rota de escoamento da produção do agronegócio, por onde passam milhares de caminhões por dia, carregados, principalmente, de soja. Nos municípios de Jardim, Três Lagoas, Amambaí, entre outros, também tiveram manifestações. 

 

*Editado por Leonardo Fernandes