‘É preciso não ter medo, é preciso ter a coragem de dizer’

Evento organizado por movimentos populares reuniu militantes históricos, que ao lado de Carlos Marighella resistiram à Ditadura Militar.

 

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Da Página do MST 

Com a motivação de que “Em tempos de golpes é preciso não ter medo” uma atividade com esse nome reuniu Aton Fon Filho, militante da Consulta Popular e ex-integrante da Ação Libertadora Nacional (ALN) junto com Raphael Martinelli, também ex-militante da ALN e do Partido Comunista Brasileiro. 

Inspirados na figura de Carlos Marighella, o Levante Popular da Juventude e o MST organizou o evento na terça-feira (11). O intuito da atividade foi o de memorar a história de lutas do povo brasileiro, a partir da sua resistência, celebrando a sua memória. Dessa forma, também relembrar os ensinamentos históricos do guerrilheiro que resistiu arduamente a Ditadura Militar.  

Mas quem foi Carlos Marighella?

Marighella ou Maringa, como foi lembrado pelo amigo Martinelli, nasceu em 5 de dezembro de 1911 e morreu em 4 de novembro de 1969. 32 dias antes de completar 58 anos. Esteve preso quatro vezes. Era filho de um italiano anarquista e de uma descendente de negros malês. Nasceu em Salvador, Bahia. Faleceu em São Paulo capital. Foi considerado o inimigo número um da ditadura militar. Militou no Partido Comunista Brasileiro. Em 1967 fundou a Ação Libertadora Nacional. 

No período da ditadura militar, enquanto a esquerda buscava saídas que não envolviam o enfrentamento, Marighella optou pela ação. “Ele falava da ação que transforma a realidade” indicou Fon Filho ao se referir a atitude adotada pelo guerrilheiro em resistir a prisão em maio de 1964 quando foi abordado dentro de um cinema. “Ele deu um exemplo de qual postura as forças populares tinham que adotar em face ao período de exceção”, apontou. 

Por conta desse episódio, Marighella escreve o livro “Por que resisti à prisão”. Segundo Fon Filho o momento não era o de se conformar. “Havia a necessidade de lutar contra isso”, afirmou. 

Para além, as atitudes do guerrilheiro político também demonstram e dão sentido a uma de suas frases famosas. “A ação faz a organização”, pois, a partir do seu acúmulo político, Marighella defendia que é o homem através da sua ação que revoluciona a sociedade. “Era no próprio combate que o revolucionário se formava”, reiterou Fon Filho. 

 

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Desafios da atualidade

Carlos Marighella também contribuiu para dar exemplos de como um revolucionário se comporta diante da realidade. “Um grande exemplo que ele nos dá é que um revolucionário tem que estar preparado para atuar em quaisquer conjuntura e em quaisquer momentos históricos”, enfatizou Luciléia Miranda, militante do Levante Popular da Juventude. 

Fon Filho analisou os momentos históricos entre os golpes de 1964 e 2016. Para ele a falha dos dias de hoje foi não entender os limites da conciliação de classes. “O grande erro foi não preparar os trabalhadores para a traição que todos sabíamos que viria”, apontando o Golpe de 64 como uma prova do que acontece quando os pactos não correspondem mais os interesses da burguesia.  

Para Raphael Martinelli o que deve ser sempre considerado é a consciência revolucionária. “É preciso que a juventude entenda que primeiro é necessário ter a consciência revolucionária, ter a educação revolucionária, a educação que mostra quem é o inimigo”, disse. Segundo Martinelli, conhecendo o capitalismo concretamente, o sistema que somente se preocupa com o lucro, os militantes jamais irão trair a classe operária. “Porque vocês vão lutar até o fim da sua vida, até o momento em que vocês chegarão para governar e acabar a exploração”, alegou o militante. 

Martinelli também trouxe ao debate as questões dos dia de hoje. Para ele, a juventude tem uma tarefa histórica de resistência. “O governo está jogando diariamente motivos para vocês irem para a luta, para as ruas”, constatou.