Sem Terra dão início à Jornada Nacional de Lutas pela Reforma Agrária em Alagoas

Cerca de três mil pessoas participaram de um ato em Maceió para relembrar os 21 anos do massacre de Eldorado dos Carajás e exigir o fim da violência no campo.

WhatsApp Image 2017-04-17 at 10.39.03.jpeg

 

Por Gustavo Marinho
Da Página do MST

 

Acampados desde a tarde do domingo (16) na Praça Sinimbu, no centro de Maceió, cerca de três mil trabalhadores e trabalhadoras rurais Sem Terra deram início à Jornada Nacional de Lutas pela Reforma Agrária em Alagoas. Na manhã desta segunda-feira (17), eles marcharam pelo centro da cidade para homenagear as vítimas do massacre de Eldorado dos Carajás, que completa 21 anos, e para denunciar a violência e a impunidade no campo. 

“Hoje completam-se 21 anos do massacre que assassinou 21 Sem Terra durante uma mobilização em Eldorado dos Carajás, no Pará, e para nós é importante demarcar a passagem dessa data com muita luta, em memória dos companheiros mortos e em defesa da Reforma Agrária”, disse José Roberto, da Direção Nacional do MST.

Segundo José Roberto, a pauta da violência está ainda mais atual no campo brasileiro. “Passados 21 anos de Eldorado dos Carajás, os massacres continuam acontecendo no campo. O latifúndio e o agronegócio continuam assassinando e ameaçando trabalhadores e trabalhadoras rurais, indígenas e quilombolas”, afirmou.

Dados do relatório &”39;Conflitos no Campo&”39;, da Comissão Pastoral da Terra (CPT), aponta o ano de 2016 como um dos anos mais violentos no campo, com maior número de assassinatos em conflitos dos últimos 13 anos. Ao todo, 61 trabalhadores foram assassinados. 11 a mais do que no ano anterior.

Além do MST, participam da Jornada de Lutas a Comissão Pastoral da Terra (CPT), o Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST), Movimento de Luta pela Terra (MLT), Movimento Unidos pela Terra (MUPT), Movimento Terra Trabalho e Liberdade (MTL), Terra Livre e o Movimento Via do Trabalho (MVT).

Contra o golpe na Reforma Agrária

Durante a Jornada Nacional de Lutas pela Reforma Agrária, os Sem Terra também denunciam a tentativa de privatização dos assentamentos, anunciada sob o nome de “titulação” pelo governo ilegítimo de Michel Temer (PMDB), através da Medida Provisória 759. A MP altera a legislação fundiária e os procedimentos para a efetivação de uma Reforma Agrária. Além disso, os trabalhadores mobilizados exigem a retomada da aquisição de terras para o assentamento das famílias que ainda vivem acampadas sob a lona preta.

A MP 759 proposta por Temer terá um forte impacto sobre as famílias que já estão acampadas ou assentadas, dificultando o avanço da Reforma Agrária e criminalizando a luta pela terra.

Os Sem Terra seguem mobilizados em Maceió durante os próximos dias, quando devem realizar atos públicos em parceria com as organizações da cidade, pautando a defesa dos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras e contra os ataques do governo golpista.

 

*Editado por Leonardo Fernandes