Em Caarapó, militares agem com violência em retomada de território indígena

O tekohá faz parte da Terra Indígena Dourados-Amambaipeguá I, que foi identificada pela Funai como de ocupação tradicional Guarani-Kaiowá em maio de 2016

 

Por Janelson Ferreira 
Da Página do MST

 

Na manhã da última terça-feira (25), cerca de 200 policiais realizaram uma truculenta ação na retomada da área de Ñandeva, no município de Caarapó, MS, distante 270 Km da capital, Campo Grande.

A operação teve a participação das Polícias Civil, Militar, Departamento de Operações de Fronteira, Exército e Corpo de Bombeiros, além de caminhões do exército, camionetes não identificadas e até um helicóptero foram usados. Não há registro de pessoas feridas. 

Segundo informações, a ação buscava realizar uma suposta apreensão de armas, mas nenhuma foi encontrada. No entanto, segundo os indígenas, a operação acabou atacando toda a alimentação da comunidade, que agora está sem mantimentos. De acordo com pessoas que estavam na retomada na hora do ataque, os policiais foram extremamente truculentos, apontando armas o tempo todo para a comunidade, apesar dela não oferecer perigo. Há relatos de indígenas que foram perseguidos, sem motivo claro, por viaturas policiais e helicópteros.

O tekohá faz parte da Terra Indígena Dourados-Amambaipeguá I, que foi identificada pela Funai como de ocupação tradicional Guarani-Kaiowá em maio de 2016. No local vivem cerca de 5800 Guaranis e Kaiowás.

O ataque de fazendeiros na região é constante e já resultou na morte de indígenas. No dia 17 de fevereiro deste ano, o juiz federal da 1ª Vara de Dourados, Moisés Anderson Costa Rodrigues da Silva, acolheu pedido liminar e suspendeu a tramitação do processo que trata da demarcação da TI, aplicando, para tal decisão, a tese do Marco Temporal, que define que só poderiam ser consideradas terras tradicionais aquelas que estivessem sob posse dos indígenas na data de 5 de outubro de 1988.

Até o final da manhã, tanto o Ministério Público Federal quanto a FUNAI não se pronunciaram sobre o caso.