Neusa de Jesus: mulher negra, trabalhadora e de luta!

A trabalhadora baiana conta a história do acampamento Irmã Dorothy, uma iniciativa de mulheres empoderadas, na luta pela Reforma Agrária Popular e pela alimentação saudável.

 

Por Leonardo Fernandes
Da Página do MST
Foto: Gerardo Gamarra

O Acampamento Irmã Dorothy, localizado no município de Eunápolis, na Bahia, foi organizado há seis anos por mulheres do MST, preocupadas com o empoderamento feminino e, claro, com a Reforma Agrária Popular e a produção de alimentos livres de venenos.

“Nosso objetivo era o empoderamento das mulheres. Precisávamos sair do quadrado da organização, do movimento. Íamos para as reuniões, contribuíamos, mas sentíamos que ainda faltava algo. Foi quando tomamos a decisão de ocupar uma fazenda que era dedicada à monocultura do eucalipto, que predomina na nossa região. Precisávamos fazer algo para nos sentir vivas. E terminou virando um marco para a vida dessas mulheres. Hoje temos 64 famílias acampadas, em processo de assentamento”, afirmou Neusa de Jesus, 32 anos, integrante do setor de produção do MST.

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Neusa mostra com satisfação a ampla variedade de produtos que estão disponíveis na barraca da Bahia, na Feira Nacional da Reforma Agrária. “Trabalhamos com a produção agroecológica de mandioca, feijão, milho, hortaliças, fazemos farinha, ou seja, são muitos os produtos. E com o desafio grande que é recuperar o solo que foi extremamente degradado pelo eucalipto. Tudo com o objetivo de produzir alimentos saudáveis para a mesa dos cidadãos e pra nos alimentar”.

“A feira gera pra gente uma motivação muito grande. A gente vê que os nossos produtos são muito aceitos e, nessa relação com o povo, as pessoas conseguem compreender que o Movimento Sem Terra é um movimento de trabalhadores, de produtores, ao contrário do que essa mídia golpista apresenta”, declarou a trabalhadora, empolgada pela grande quantidade de visitantes que passaram pelo Parque da Água Branca, em São Paulo, para ver de perto os frutos da luta pela Reforma Agrária Popular no Brasil.

Segundo Neusa, é importante esclarecer que, apesar da constante criminalização que o MST sofre por conta de sua luta pela terra e pela alimentação de qualidade, só a luta travada pelos trabalhadores Sem Terra possibilita a produção de alimentos de qualidade e em quantidade para abastecer a mesa de todos os brasileiros e brasileiras.

“Não seria possível ter essa quantidade de produtos que estão aqui na feira sem a luta. A luta é fundamental para derrubar a cerca do latifúndio. Se não assumimos o desafio de ocupar e fazer o acampamento, não teríamos nunca condições de produzir. Por isso é importante que a sociedade entenda que para produzir foi preciso ocupar. E não basta de acampamento e assentamento. A gente precisa fazer cada vez mais acampamentos e assentamentos em todo o Brasil”, destacou.

*Editado por Catiana de Medeiros