Culinária da terra apresenta os sabores da luta pela Reforma Agrária

Nas barracas da culinária é possível conhecer os temperos do Brasil de ponta a ponta. São 23 cozinhas de todas as regiões do Brasil que temperam e preparam aromas, sabores e cores da luta pela terra

 

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Fotos: Rica Retamal

 

Por Geanini Hackbardt
Da Página do MST

Conquistar a sociedade pelo estômago e o paladar, esse é o objetivo da Culinária da Terra, na 2ª Feira Nacional da Reforma Agrária. Ao todo são 23 cozinhas e uma equipe de 150 trabalhadores, coletivos vindos de todas as regiões do Brasil que temperam e preparam tantos aromas, sabores e cores da luta pela terra. Para quem não teve a oportunidade de vivenciar essa experiência, ainda há tempo, até as 20 horas de hoje. 

Caminhar pelas barracas da culinária é conhecer os temperos do Brasil de uma ponta a outra. Quem não conhece a Amazônia, por exemplo, pode experimentar os deliciosos sucos de Cajá, Cupuaçu, Murici, Bacuri, Uxi ou o famoso Pato no Tucupi, acompanhado de Tacacá. 

Do outro lado se encontra o Entreveiro de Pinhão, uma mistura com quatro tipos de carne, bem temperado com pimentão vermelho, amarelo e verde, comida típica dos antigos tropeiros de Santa Catarina. Aqui também é possível encontrar a opção vegetariana, com berinjela. No Mato Grosso se encontra uma certa Ventrecha, que é o lombo de Pacu empanado. No Panará há suco de Araçá. Em Sergipe, bode assado. Goiás e Distrito Federal se destacam com os sabores do serrado, arroz com Pequi e para beber, suco de tamarindo. 

 

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Para quem prefere o sabor apimentado da Bahia, há moquecas com 4 opções de peixe, acarajé, caruru, vatapá, etc. Dona Dominga, uma baiana arretada da região da chapada diamantina, coordena pela terceira vez essa barraca e acredita que essa é uma tarefa muito importante. “A gente trás a cultura do estado para as pessoas que não conhecem. Nesse momento de muita criminalização dos movimentos sociais, aqui dizemos porque a Reforma Agrária é necessária”, conta ela, com os olhos marejados de emoção.

Além das cozinhas Sem Terra, estão presentes um coletivo de quilombolas, um terreiro e o Levante Popular da Juventude. Na barraca do Levante há opções veganas e vegetarianas, como explica Rodrigo Suñe. “O conceito que temos foi o de construir a partir da perspectiva da alimentação saudável, opções que contemplam esses sujeitos mais diversos, procurando dialogar com todos. Isso envolve inclusive o modo de produção, temos que pensar além do monocultivo e do imperativo da carne”, ressalta o militante da juventude.

 

Confira mais imagens do ensaio fotográfico Araucárias da Resistências e conheça o prato Entreveiro de Pinhão

 

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Para Ana Terra, da coordenação da Culinária da Terra, esse é mais um espaço que expressa a cultura dos assentados e acampados pelo Brasil. “Estamos aqui para apresentar a diversidade alimentar de nosso país, em oposição a homogeneização, imposta pelo mercado de alimentos. Além disso, é um espaço de troca de conhecimentos a partir da interação entre feirantes, que socializam as receitas, entre si e com aqueles que vem almoçar conosco”, afirma ela.

 

*Editado por Solange Engelmann