Reforma Agrária Popular é debatida em Universidades no MS

Educação do Campo e desafios da agroecologia são temas durante a Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária.

IMG_20170517_140221732.jpg

 

Por Janelson Ferreira
Da Página do MST

 

Nesta semana, duas universidades em Dourados, MS, receberam a Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária. A Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul – UEMS – e a Universidade Federal da Grande Dourados – UFGD – realizaram atividades de debate sobre a Licenciatura e a Educação do Campo, além dos desafios da Reforma Agrária Popular e o papel da agroecologia.

Na UEMS, o evento ocorreu na última quarta-feira (17) e teve a presença de estudantes dos cursos de Pedagogia e Licenciatura em Educação do Campo. Na UFGD, que recebeu o evento no dia seguinte (18), a Jornada foi direcionada aos estudantes da Faculdade Intercultural Indígena.

Os debates buscaram levar ao ambiente acadêmico temas centrais para o projeto de Reforma Agrária Popular. Tanto a educação do campo quanto a agroecologia são fundamentais no embate que o MST vem travando em seus acampamentos e assentamentos contra o agronegócio e o capitalismo. 

 

IMG_20170518_154455815.jpg

Para Rodrigo Simão, doutor em Geografia e pesquisador da Educação do Campo, foi o processo histórico de exclusão do trabalhador do campo que levou à formulação de uma educação voltada para a sua realidade. “Se tivéssemos que sintetizar a educação do campo em uma palavra, ela seria &”39;resistência&”39;”, afirmou o pesquisador. 

Segundo Simão, a negação do agronegócio é um dos principais fundamentos desta educação. “Há três pilares que sustentam a educação do campo: a sua qualidade, sua especificidade – que leva ao respeito às identidades territoriais –, e a sua característica emancipatória, que deve constantemente combater o avanço do capitalismo sobre o campo”, concluiu. 

Segundo Márcia Barille, da Coordenação Estadual do MST-MS e estudante do curso de Licenciatura em Educação do Campo, o governo ilegítimo de Michel Temer tem uma nítida política de extermínio destes cursos. “Para haver o vestibular no ano de 2016 foi necessária uma mobilização intensa de estudantes do curso, inclusive com uma ocupação da reitoria da UFGD”, lembra Márcia. “Os estudantes enfrentam uma luta desigual para conseguirem ingressar na universidade. Mas ao chegarem, necessitam enfrentar uma outra luta para permanecerem e serem aceitos”, relata a dirigente.

Os desafios da Reforma Agrária Popular e o papel da agroecologia

 

IMG_20170517_144757894.jpg

Tema debatido durante a Jornada, a Reforma Agrária Popular e a agroecologia também foram analisadas dentro da atual situação do capitalismo mundial. A crise estrutural de 2008 fez com que o capital internacional se rearticulasse e aprofundasse seu interesse pelas terras brasileiras. O objetivo é intensificar o papel agroexportador do Brasil dentro do capitalismo mundial. Para isto, o campo assume um protagonismo vital. 

Segundo Dinho Lopes, da Coordenação Estadual do MST-MS, o Brasil é hoje alvo principal da ofensiva do capital. “Somos o maior país em terras agricultáveis do mundo. Isso faz com que a cobiça do capitalismo seja mais intensa sobre nosso campo” afirma Dinho. Para o militante, esta situação ressalta a importância do curso de Licenciatura em Educação do Campo. “Aqui serão formados os professores que terão a tarefa militante de, nas escolas do campo, combater o avanço do agronegócio e do capitalismo” concluiu.

Licenciatura em Educação do Campo

O curso de Licenciatura em Educação do Campo da UFGD foi criado em 2013 e atualmente tem 194 estudantes matriculados, oriundos de assentamentos de todo o Mato Grosso do Sul. O curso segue a pedagogia da alternância entre o &”39;tempo universidade&”39; – os estudantes ficam alojados em Dourados e as atividades ocorrem na UFGD – e o &”39;tempo comunidade&”39; – as aulas e atividades são desenvolvidas nas comunidades em que os estudantes moram. A graduação busca formar professores que atuem nas escolas do campo seguindo uma pedagogia emancipatória, que preze pela autonomia do povo camponês. 

Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária

A Jornada Universitária é realizada desde 2013 em todo o país, durante os meses de abril e maio. Ela busca levar para o espaço acadêmico o tema da Reforma Agrária Popular, envolvendo professores, estudantes e funcionários das instituições, com o objetivo de ampliar o debate sobre o tema. 

 

*Editado por Leonardo Fernandes