MST conquista vitória histórica na luta pela Reforma Agrária no Ceará

Trabalhadores Sem Terra comemoram a desapropriação de nove áreas no estado que serão destinadas à Reforma Agrária, beneficiando a cerca de 200 famílias.

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Por Aline Oliveira
Da Página do MST

 

Na última jornada de lutas, que aconteceu entre os dias 17 a 21 de abril, o MST do Ceará conquistou a desapropriação de nove áreas para ser destinada à Reforma Agrária, assentando cerca de 200 famílias.

As nove ocupações eram espaços de disputa e em algumas, os trabalhadores tiveram que lidar por anos com ameaças e conflitos com os latifundiários. A persistência das famílias resultou na conquista da terra, provando mais uma vez que apenas a luta social pode gerar conquistas à classe trabalhadora. As áreas foram destinadas às famílias Sem Terra por meio de um convênio entre o Instituto de Desenvolvimento Agrário do Ceará (Idace) e o Governo do Estado, totalizando um investimento de mais de 6 milhões de reais.

As áreas conquistadas são acampamentos emblemáticos para o MST: Julio Campo, no município de Quixeramobim; Floresta e Boa Vista, ambas no município de Tamboril; Oziel Alves, em Ararendá; Sítio Córrego, em Tianguá; Canafístula, em Santana do Acaraú; Bom Lugar, no Icó; Sítio Viana, em Itarema; e Vida Nova, em Mauriti.

Para Síntia Gonçalves, da Coordenação do MST no Ceará, na conjuntura atual, essa conquista traz ainda mais força para o movimento. “Estamos bem animados com essa conquista, pois mesmo diante de uma conjuntura de golpe, de ofensiva do capital, quando a classe trabalhadora vive retrocessos, perda de direitos, conseguimos conquistar nove novas áreas para assentar muitas famílias que resistiram e lutaram pra conseguir. Mas temos a clareza de que a conquista da terra é só primeiro passo, então vamos nos preparar pra continuar a luta pela tão sonhada Reforma Agrária Popular. É sempre bom lembrarmos que essa conquista só foi possível por que houve lutas, ocupações de órgãos públicos, trancamentos de rodovias e pressão sobre o governo. Se não fosse a luta direta, não seria possível”.

“No Ceará existem mais de 20 acampamentos, porém, a Reforma Agrária só acontece se a luta for a principal estratégia. A luta deve ser política, social e econômica, e a Reforma Agrária deve ser vista como garantia de desenvolvimento econômico, sustentável, e não apenas como uma política pública”, afirmou Gonçalves.

Contexto da luta pela terra no Ceará

O MST surgiu no Ceará em 1989 quando, com o apoio da Comissão Pastoral da Terra (CPT), da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Quixeramobim, foi realizada a primeira ocupação de terra no estado, na Fazenda Reunidos de São Joaquim, um latifúndio localizado em três municípios do sertão central, Quixeramobim, Madalena e Boa Viagem, onde hoje é o Assentamento 25 de Maio.

Desde então, a luta seguiu mesmo em conjunturas difíceis. Atualmente, o MST está presente em mais de 60 municípios do Ceará. São mais de 200 assentamentos federais e estaduais, 20 acampamentos rurais, seis comunas urbanas e uma ocupação no Perímetro Irrigado Jaguaribe Apodi, em Limoeiro do Norte, local destinado aos grandes proprietários e ao agronegócio, somando cerca de 2 mil famílias acampadas em todo estado.

MST: Por terra, teto e trabalho!

 

*Editado por Leonardo Fernandes