Concluída 2ª Turma de Formação dos Coletivos de Juventude, Comunicação e Cultura do Nordeste

Curso, realizado no Centro de Formação Paulo Freire, em Caruaru, Pernambuco, contribui para a movilização e formação da juventude Sem Terra.

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Por Coletivo de Juventude Nordeste

 

Entre os dias 27 e 31 de maio, foi realizada no Centro de Formação Paulo Freire, em Caruaru – Pernambuco, a II Turma de Formação dos Coletivos de Juventude, Comunicação e Cultura do Nordeste (JCC – NE).

A turma contou a participação de cerca 30 jovens, representando todos os estados do nordeste, e teve como objetivo traçar estratégias coletivas a partir das artes, da comunicação popular e da cultura Sem Terra, construir um processo de enraizamento e fortalecimento do trabalho de base nos territórios do nordeste, bem como forjar militantes e dirigentes jovens capazes de assumir os desafios da construção da Reforma Agrária Popular e o enfrentamento aos desafios colocados pela conjuntura brasileira.

O curso acontece em três etapas que permeiam as concepções de “tempo formação teórico-prática” e “tempo comunidade”, em que a turma volta para os estados para aprofundar os estudos com as leituras e práticas das linguagens, vinculados a organização política dos coletivos nos territórios.

A primeira etapa ocorreu nesses cinco dias, que contou com muita animação, mística, formação e planejamento, tendo como mote principal, construir com a juventude a mobilização da base Sem Terra para a Marcha Nacional, que ocorrerá no mês de agosto, rumo à Brasília, e avançar na construção e fortalecimento desses coletivos no movimento.

Nesse sentido, os temas trabalhados foram: Como funciona a sociedade; Questão Agrária no NE; Indústria Cultural e Meios de Comunicação; O MST e a Cultura; além de oficinas com as linguagens da música, da literatura, fotografia e audiovisual, com a intenção de aproximar a juventude destas linguagens e construir metodologias para o trabalho de base nos territórios.

Segundo Regina Cirilo, de 21 anos, do Coletivo de Juventude da Paraíba, “esse espaço de formação é de grande importância para a Juventude Sem Terra, no qual, coletivamente, fortalecemos a nossa identidade Sem Terra, avançamos na compreensão de como analisar a realidade, principalmente nesse momento, que estar mudando a cada momento”, aponta.

Acrescenta ainda que “essa identidade tem como a maior característica da juventude Sem Terra é prática de valores que aprendemos no nosso movimento, e precisamos trabalhar isso nos nossos acampamentos e assentamentos, pois caso contrário, a indústria cultural o faz. O curso nos permitiu entender essas questões e quais nossas tarefas no MST”, conclui.

Já Romero Venâncio, professor da Universidade de Sergipe, “esse processo de construção no nordeste, a partir desses três coletivos – juventude, comunicação e cultura – é estratégico para o MST, principalmente, no nordeste, onde tudo é mais difícil, pois existe uma coisa chamada desenvolvimento desigual e combinado”, afirma.

Segundo Venâncio, é fundamental que as organizações de esquerda façam esse trabalho sobre a Indústria Cultural, e aprofunde os debates sobre a comunicação e a cultura, que nada mais é, do que “a forma do capitalismo de construir a coesão, o povo é colonizado desarmado pela cultura”, destaca.

Ele acrescenta ainda que “o MST é a única organização de massas que tem uma política cultural, e ter um coletivo organizado no MST no nordeste significa dizer que os municípios coronelistas e os estados podem ser pautados sistematicamente por uma política cultural”, apontou Venâcio durante debate sobre Indústria Cultural.

Coletivo JCC – Nordeste

A experiência da 1ª Turma &”39;Oziel Alves&”39;, concluída ano passado, demonstrou que o curso contribui na formação da militância jovem e na sua inserção nos setores e coletivos do MST.

 

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Além disso, esta etapa teve como objetivo colocar a juventude no centro do debate da Reforma Agrária Popular como pauta central da sociedade brasileira. Neste momento de golpe e retirada de direitos, é fundamental que o povo volte a debater a Reforma Agrária Popular, e a juventude deve ser o baluarte na construção deste processo.

De acordo com Diego Vicente, de 25 anos, participante da primeira turma e integrante da Coordenação Política e Pedagógica,  “o JCC é mais que um processo de formação de militantes dos setores de juventude, comunicação e cultura. É a experiência de construir um processo de formação a partir prática de valores do novo homem e nova mulher, cultivar a experiência de poder-se sentir jovem e com identidade camponesa, reconhecendo-se no outro e fortalecendo-se dia após dia.

Além disso, trata-se de espaço de articulação, de troca de experiências entre os estados sobre as formas de organização, fortalecendo uma unidade enquanto região nordeste, tanto na formação, como nas lutas que estão sendo travadas nesse tempo de golpes contra a classe trabalhadora.

Dessa forma, o curso expressa o potencial, a partir das linguagens, de fortalecer o processo de formação, organização e luta das raízes e identidade Sem Terra.

 

*Editado por Leonardo Fernandes