Juventude Camponesa ocupa Secretaria de Educação durante encontro em Tocantins

Os jovens do campo e da cidade divulgaram a "Carta de Palmas". Leia na íntegra.

 

 

Por Hony Riquison
Da Página do MST

 

Desde a último sexta (7), cerca de 300 jovens camponeses (assentados, acampados, indígenas, quilombolas, posseiros, atingidos por barragens e a juventude do movimento sindical) do estado do Tocantins estiveram presentes no “Primeiro Encontro da Juventude Camponesa”, na Universidade Federal do Tocantins, campus de Palmas.

O encontro teve como objetivo em meio a grandes crises no país, unir a juventude para refletir e planejar suas ações e protagonismo para enfrentar o atual momento que estão vivendo, além de construírem as estratégias para avançar a partir da organização unitária.

O encontro, que teve como palavra de ordem “Juventude que ousa lutar, constrói o poder popular”, debateu nos três dias de atividades os passos para o país sair da crise, a partir do Plano Emergencial construído pela Frente Brasil Popular, que foi lançando durante o Encontro. Além de rodas de conversas e oficinas, o encontro teve mesas sobre Educação no Campo, Protagonismo da Juventude Frente aos Territórios, Diversidade Sexual e a Criminalização dos Movimentos Sociais no Campo.

No ultimo dia de encontro, nesta segunda-feira (10), a juventude organizada camponesa e a juventude de diversas organizações da cidade se uniram em uma das principais pautas que os unem: Educação. Os jovens ocuparam a Secretária Estadual de Educação e Cultura do Estado do Tocantins (Seduc).

As reivindicações cobram mais atenção da Seduc sobre a pauta da educação no campo, como construções de escolas nos assentamentos, nas comunidades rurais e quilombolas. E que as escolas sejam construídas respeitando o currículo e a pedagogia no campo.

A representação da Secretaria recebeu a pauta da Juventude e foi marcada uma reunião ampliada com o secretário para próxima quarta-feira (12), onde será discutido passo a passo das demandas da juventude camponesa, quilombola, atingida e rural.

Leia a Carta final construída pela Juventude Camponesa do Estado do Tocantins:

Carta de Palmas
“Aqui se respira luta”

Nós, a Juventude Camponesa de Tocantins, organizados (as) no Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), FETAET, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), povos indígenas, quilombolas, Associação Tocantinense de Agroecologia, Caritas, reunimos 300 jovens na Universidade Federal de Tocantins (UFT) entre os dias 07 a 10 de julho para refletir sobre nossa realidade camponesa e pensar os nossos desafios para o próximo período.

Vivemos em nosso o país um golpe contra a democracia brasileira que está impondo uma vasta retirada de direitos conquistados pela luta da classe trabalhadora. Os golpistas querem que hoje assumem os três poderes da república (executivo, legislativo e judiciário) querem impor uma agenda neoliberal ao povo, a exemplo das reformas da previdência e trabalhista, vender nossas terras para os estrangeiros e privatizar os recursos públicos do povo brasileiro.

Atravessamos na sociedade brasileira, uma combinação de crise política, econômica, social e ambiental. Já são mais de 14 milhões de desempregados e a tendência é aumentar. A juventude são os que mais são afetados pelas medidas golpistas do Temer, com a reforma do ensino médio, o projeto de lei escola sem partido, a privatização de nossas terras pela MP 759. Eles (os golpistas) querem transmitir para a sociedade que o país esta no caminho certo e saindo da crise econômica, essas afirmações levam a alienação da população, eles estão afundando o país e retirando os direitos da classe trabalhadora.

Em tempos de golpe vivemos um período de Estado de exceção que legitima o extermínio em massa da juventude do campo e da cidade, legitima o assassinato de trabalhadores (as), e as mais severas violações de direitos humanos. Aqui na região amazônica somos a região com maior número de assassinatos de lideranças e massacres de camponeses (as). Vivemos um tempo em que o capital avança cada vez mais, com o projeto de mineração, o MATOPIBA, o agronegócio e as diferentes formas de expressão do modelo capitalista burguês. REPUDIAMOS o massacre em Pau Darco no Pará e Counisa no Mato Grosso. “A todos os nossos motos nenhum minuto de silencio, mas toda uma vida de luta”.

Nós jovens (sem terra, quilombolas, indígenas, ribeirinhos, jovens rurais) vivemos permanentemente uma intensa expulsão de nossos territórios no campo e somos obrigados a ir morar nas cidades. As consequências dessa expulsão são a falta de acesso as politicas publicas de acesso a educação, cultura, trabalho e renda. Por isso estamos em luta permanente:

•    Por FORA TEMER, diretas já e nenhum direito menos;
•    Pela demarcação de todas as terras indígenas e quilombolas;
•    Pela reforma agrária popular, trabalho e renda;
•    Por acesso a educação em todos os seus níveis (ensino fundamental, médio e universitário);
•    Por cultura, esporte e lazer;
•    Contra a criminalização da luta social e o extermínio da juventude;
•    Contra o fechamento das escolas no campo.

É um Tempo em que convoca a nossa geração a formar os lutadores e lutadores do povo brasileiro, porque a nossa melhor escola de formação política é a luta de massas. É nesse contexto que afirmamos os seguintes compromissos:

•    Em nossos territórios, motivar para que a classe vá as ruas, pois é só a luta que pode impor derrota aos golpista;
•    Fazer trabalho de base e agitação e propaganda para disputar os corações e mentes da sociedade;
•    Construir a unidade entre nós da juventude camponesa e com a juventude urbana;
•    Avançar em nossa organização da juventude. Nós precisamos está organizados em nossos movimentos;

Como nos inspirou Fidel e Che, a tarefa fundamental da juventude é construir a revolução.

Juventude que ousa lutar, constrói o poder popular!

Palmas – TO, 10 de julho de 2017.

 

 

*Editado por Rafael Soriano