Começa a V Turma de Especialização em Estudos Latino-Americanos
Da Página do MST
A conjuntura latino-americana e o protagonismo dos movimentos populares foi tema de palestra da aula inaugural da V Turma de Especialização em Estudos Latino-Americanos nesta segunda-feira (10).
A atividade que ocorreu na sala de Demonstração da Faculdade de Educação (Faced) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Esta é a primeira etapa do curso, resultado de uma parceria da UFJF com a Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF). A Especialização tem como objetivo formar militantes nas questões econômicas, políticas, sociais e culturais da América Latina.
Para a Pró-reitora de Extensão, Profa. Ana Lívia de Souza Coimbra, “iniciativas como essas são mais do que necessárias”. Ela acredita que quem participa desse processo constrói resistência e rompe com a lógica de privilégios para determinados estratos sociais.
“Uma universidade necessária é aquela que se deixa fugir do tradicional e se reconhece na construção da consciência da classe”, ressalta Coimbra sobre o papel que uma universidade deve cumprir para contribuir com o processo de transformação social, o que na maioria das vezes não consegue. “A palavra crítica trancada na sala aprisiona nossa classe. O papel da universidade deve ser o de trazer uma mudança”, conclui.
Durante a atividade, o dirigente nacional do MST, Joaquin Piñero, analisou a conjuntura latino-americana e pontuou como o continente é estratégico na geopolítica, pois concentra as maiores reservas de recursos naturais. É uma das maiores reservas de biodiversidade do mundo. “Somos uma região muito rica, por isso existe esse processo de disputa”, analisa.
Joaquin também assinalou os desafios para os movimentos populares da região diante da crise econômica, política, social, ambiental, mas também crise ética, de valores humanistas e de solidariedade.
“Temos que retomar as lutas de massas e ampliar o processo de mobilização. É a luta na rua que muda a conjuntura. É preciso identificar as bandeiras de lutas comuns em nossas organizações na região e construir projetos políticos unitários que aglutine setores de esquerdas que elaborem sobre as saídas dessa crise”, aponta Piñero.
Além disso, Joaquin colocou a Formação política ideológica como fundamental nessa disputa para a construção de um Poder Popular na América Latina.
Uma experiência em construção
O curso está em sua V turma e já formou mais de 200 pessoas, desde a sua criação no ano de 2003.
De acordo Rosana Fernandes, coordenadora da ENFF, cada turma é uma conquista do povo. “A gente não conquista grandes coisas lutando sozinho. A luta na universidade é coletiva e permanente”, salienta.
A coordenadora da ENFF vê este espaço da universidade com os movimentos populares, um local onde é preciso construir um processo de ocupação, de resistência e de produção teórica para a classe trabalhadora.
Segundo Rosana, o momento é dos movimentos populares enfrentarem o desafio da classe trabalhadora construir capacidade organizativa para dar resposta ao golpe. De ampliar e potencializar o processo de formação política ideológica e fortalecer a luta organizativa sempre.
Já para Jarbas Vieira, militante do MAM, educando e representante da turma, o curso é uma experiência de construção da unidade por uma América Latina livre, pois há inúmeras dificuldades para as universidades se abrirem para os movimentos populares, principalmente em tempos de golpe.
“O conservadorismo da sociedade brasileira não quer preto, mulheres, a diversidade na universidade… Estar neste espaço é uma vitória da classe trabalhadora”, afirma.
A V turma da Especialização em Estudos Latino-Americanos conta com 39 inscritos. Os alunos do curso são indicados à ENFF pelos movimentos populares e, em seguida, selecionados pelos docentes do curso. A metodologia utilizada é a de alternância, com aulas presenciais concentradas nos meses de janeiro e julho, de modo que os diversos estudantes tenham oportunidade de participar.
Editado por Geanini Hackbardt
