Culto ecumênico aponta a luta popular como instrumento revolucionário

Só a união dos povos poderá alcançar a vitória sobre o capitalismo.

 

Por Coletivo de Comunicação do MST na Bahia
Da Página do MST

Ao compreender que só a união dos povos poderá alcançar a vitória sobre o capitalismo, entendido enquanto sistema opressor, o MST, durante ocupação no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), realizou na noite desta quarta-feira (26) um culto ecumênico, reunindo lideranças e membros de igrejas católicas, evangélicas e terreiros de candomblé.

Pela igreja católica, o MST contou com a participação do padre José Boaventura, da Paroquia Dom Daniel Combone, da nação Ketu veio a yalorixá Jaciara Ribeiro de Ogum, do Axé Abassá, e Maria Aparecida, pastora da Igreja Pentecostal Deus é Amor.

De acordo com Jaciara, fomos ensinados que as religiões precisam brigar entre si, através de uma ideia eurocêntrica. Se contrapondo a esse discurso, disse que Deus é o mesmo, “só mudamos a forma de buscá-lo”. Afirmou ainda que o culto ecumênico quebrou correntes de mais de 1500 anos de exploração, “que tem se reproduzido também a partir do machismo e da intolerância religiosa”.

Ao olhar para o atual momento político, a yalorixá destacou que o tempo nunca foi tão propício à disseminação da fraternidade e união dos povos, para impedir a retirada de direitos que tem usurpado conquistas históricas.

O padre José Boaventura evocou passagens bíblicas para mostrar que Deus continua sendo o mesmo e que não importa a ramificação religiosa individual, “o que importa é ter Deus no coração e ser fraterno com todos os povos, porque esse certamente é um desejo de Deus”.

“A luta por direitos se faz necessário, tendo em vista que o povo de Deus sempre lutou por melhores condições de vida e o MST tem nos ensinado isso”, relatou Boaventura.

Já a pastora Maria Aparecida falou do maior revolucionário, em sua opinião, que foi Jesus Cristo. Para ela, Jesus contribuiu nas lutas em um tempo histórico diferente do nosso e conseguiu revolucionar, se impondo contra o governo da época e cuidando das causas dos menos favorecidos e oprimidos.

“Acima de qualquer coisa ele prezava pelo bem do povo, lutava e fazia com que os ideais do povo fossem sua pauta de reivindicação”, explicou Aparecida.

Unidade na luta social

Para direção do MST, a união dessas religiões no bojo da luta pela terra é motivo suficiente para fazer o governo de Michel Temer (PMDB) “tremer” e a atividade foi avaliada como “impar” para o processo organizativo dos Sem Terra, pois apontou a luta e solidariedade de classe como bases revolucionárias.

A ocupação segue, sem previsão de saída, e os trabalhadores mobilizados continuam na cobrança da pauta de reivindicação, que tem como foco a realização das políticas que incorporam a Reforma Agrária no Estado, e a denúncia ao governo golpista e antipopular do Temer.

A ocupação se soma a luta de milhares de trabalhadores e trabalhadoras Sem Terra que iniciaram, na madrugada da terça-feira (25), uma grande Jornada Nacional de Lutas pela Reforma Agrária, com o lema “Corruptos, devolvam nossas terras!”.