Lula pelo Brasil: caravana inicia e mobiliza milhares na capital baiana

Lula pretende conhecer assentamentos e acampamentos de Reforma Agrária, símbolos de resistência e enfrentamento ao agronegócio na região.

photo_2017-08-17_22-08-17.jpg

 

Por Wesley Lima
Da Página do MST
Fotos: Mídia Ninja

 

Se existisse alguma dúvida acerca do apoio popular que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva possuí pela população, essa questão foi respondida no momento que desembarcou no Aeroporto Internacional de Salvador – Deputado Luís Eduardo Magalhães, na tarde desta quinta-feira (17), onde deu início a caravana “Lula pelo Brasil”. Nos próximos 20 dias, ele visitará, de ônibus, 28 cidades do Nordeste.

A recepção a Lula no desembarque foi realizada por lideranças políticas, movimentos e organizações Populares, com o indicativo de que as atividades durante o dia seriam de agitação, mobilização e repúdio aos avanços das políticas antipopulares implementadas pelo governo ilegítimo do atual presidente Michel Temer (PMDB).

Na abertura da caravana, o ex-presidente destacou a importância da reconstituição da história pelos trabalhadores e trabalhadoras, sem perder de vista as grandes mobilizações e enfrentamentos, assim como, o legado vivo dos lutadores e lutadoras do povo.

Sua passagem por Salvador foi marcada por visitas, caminhadas e atos políticos. Exemplo disso, foi a cerimônia de lançamento da terceira fase do Memorial da Democracia, que reuniu na Arena Fonte Nova, milhares de trabalhadores, estudantes e militantes ligados a movimentos sociais e partidos de esquerda.

Na ocasião, Lula destacou a importância da classe trabalhadora se apropriar e contar a história do povo, tendo em vista que esta sempre foi contada pelos “vencedores”, a partir de interesses sociopolíticos e culturais.

Nesse sentido, reconheceu os sujeitos da luta e enfatizou o debate da participação popular na construção de sua própria história.

“Não é possível que nosso povo se informe pela Rede Globo, por televisões que só passam filmes estrangeiros […] Luto a vida inteira para que o povo mais humilde possa ter mais um pouco de participação. Tenho orgulho de que meu mandato foi o período mais exitoso desse país”, e continua, “nessa caravana quero aprender com o povo o que está acontecendo e a partir disso, construir saídas coletivas para avançarmos em nossa história”.

photo_2017-08-17_22-08-05.jpg

Ele ainda afirmou que a burguesia não suporta ver os trabalhadores e trabalhadoras avançarem economicamente. “A verdade é que eles não queriam que a empregada doméstica tivesse aumento de salário e férias. E isso porque não perceberam que o povo se acostumou a ter coisa boa, comer carne de primeira e não de segunda. O povo descobriu que tem direitos. Todo mundo tem direito a ter três refeições, a ter casa”.

Sobre o atual momento de “instabilidade democrática” que vive o Brasil, Lula destacou: “se um governante, governa um país que possui uma crise e não tem competência para resolver e começa a vender o patrimônio, ele deveria ter vergonha, porque não tem competência para governar”.

Lula e a Reforma Agrária

A caravana “Lula pelo Brasil” nos estados do Nordeste segue com atividades nos meses de agosto e setembro, com previsão de termino em São Luís do Maranhão. No roteiro, o ex-presidente pretende conhecer assentamentos e acampamentos de Reforma Agrária, consideradas como áreas emblemáticas no processo de resistência e enfrentamento ao agronegócio na grande região. Exemplo disso, é a finalização de sua passagem pela Bahia que acontecerá num acampamento do MST na divisa do Estado com Sergipe.

Nestes espaços será discutido o legado dos governos Lula e Dilma como elementos centrais na luta pela terra, sem perder de vista, as questões políticas e ideológicas que norteiam o momento de golpe no Brasil.

João Paulo Rodrigues, da direção nacional do MST, avalia essas questões ao apontar três elementos centrais da caravana. Primeiro, ele afirma que este é o momento de Lula ouvir o povo brasileiro, em especial numa região como o Nordeste. Em seguida, fazer sua defesa acerca da “Lava Jato” e as questões que estão por detrás desse processo.

Por fim, Rodrigues enfatiza que é hora de começar a discutir um projeto para o Brasil, a partir de diversas políticas de combate à desigualdade, entre elas, a Reforma Agrária. “Vamos discutir o Brasil do futuro e o Brasil do presente, com a sensibilidade que o presidente Lula tem, que é extremamente importante para ouvir a população”, explica.

Aguardado com ansiedade e animação pelos milhares de nordestinos por onde a caravana vai passar, a luta pela democracia, um dos pontos chaves das discussões, se apresenta enquanto símbolo de resistência e legitimação das pautas da classe trabalhadora.

 

 

*Editado por Rafael Soriano