MST promove seminário sobre contaminação do Aquífero Guarani, em Passo Fundo

A iniciativa faz parte das atividades desenvolvidas pelo projeto Tecnologias Apropriadas do Grupo Terra e Vida.
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Foto: divulgação MST

 

Por Letícia Stasiak
Da Página do MST 

Por meio do Projeto Tecnologias Apropriadas do Grupo Terra e Vida, famílias acampadas nas proximidades da BR-386 em Passo Fundo, na região Norte do Rio Grande do Sul, promovem neste sábado (26) o seminário “Aquífero Guarani: causas e consequências”. O evento será realizado, das 9 às 12 horas, no auditório do Instituto Superior de Filosofia Belthier (Ifibe), na Vila Rodrigues.

Segundo o agroecólogo e acampado Antônio Prestes Braga, o seminário debaterá a contaminação do Aquífero Guarani, principalmente pelo uso excessivo de agrotóxicos. “Passo Fundo possui um grande potencial em seu subsolo, pois ali passa o Aquífero Guarani, um dos mais importantes mananciais de água do mundo. Contudo, o modelo de produção do agronegócio, que também é desenvolvido na região, vem acarretando uma série de problemas aos seres vivos e aos bens comuns”, explica.

O seminário conta com o apoio do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), da Fundação Luterana de Diaconia (FDL) e do Ifibe, e tem como painelista Carlos Eduardo Sander, ecologista e radialista; e como debatedora Ana Carolina Tres, advogada das ocupações urbanas de Passo Fundo. A atividade será transmitida ao vivo pelo canal do youtube ‘Grupo Terra e Vida’.

Projeto

O Projeto Tecnologias Apropriadas do Grupo Terra e Vida é construído coletivamente com movimentos sociais, sindicais, pastorais e universidades. O seu objetivo principal é resgatar a dignidade das 50 famílias, oriundas das regiões Norte, Serrana, Centro e Alto Uruguai, que hoje vivem no Acampamento Terra e Vida, além de despertar na população passo-fundense a consciência na busca pela construção da agroecologia.

De acordo com Braga, o projeto surgiu porque as famílias já desenvolvem experiências de produção agroecológica no acampamento. A partir de uma oficina de extratos fermentados, que contêm plantas espontâneas para substituir os venenos na agricultura, a ideia foi transferida para o papel. “A prioridade é construir espaços de produção de alimentos saudáveis para a subsistência das famílias acampadas. O que sobrar será destinado à classe trabalhadora”, acrescenta.

As ações do projeto serão baseadas em atividades que gerem consciência, renda, solidariedade e produção agroecológica, a fim de mudar o modelo de desenvolvimento da agricultura. Entre elas estão a construção de uma horta de dez mil metros quadrados e a realização de oficinas com as temáticas do Aquífero Guarani e Reforma Agrária Popular, além do Lançamento da Feira Agroecológica Terra e Vida.

Acampamento Terra e Vida

O Acampamento Terra e Vida é fruto de uma ocupação realizada em 2014 pelo MST nas terras do advogado Maurício Dal Agnol, que durante 15 anos aplicou um golpe milionário em cerca de 30 mil clientes que venceram ações judiciais contra empresas telefônicas no estado. Hoje, os acampados vivem num espaço de 6 hectares, mas eles têm o controle de mais 90 hectares — 30% desta área é composta de mata nativa. Eles cobram a desapropriação da fazenda de 350 hectares para a Reforma Agrária.

Dal Agnol deve mais de R$ 31 milhões à Fazenda Nacional e tem todos os seus bens bloqueados pela justiça. Conforme o Ministério Público, ele teria lucrado mais de R$ 100 milhões nas defesas — em algumas situações os seus clientes ganhavam entre R$ 300 a R$ 400 mil. O advogado foi acusado de se apropriar de 90% do valor.

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*Editado por Maura Silva