Acampamento Maria Rosa do Contestado comemora dois anos de agroecologia e resistência

Além das 200 famílias que residem no acampamento, a confraternização contou com a presença de pessoas de várias regiões do estado, colaboradores e simpatizantes da luta pela terra.

 

Por Maria Luiza Francelino 
Da Página do MST

 

Aconteceu no último domingo (27), a festa de comemoração pelos dois anos do aniversário do acampamento Maria Rosa do Contestado, localizado no município de Castro, Paraná. 

Além das 200 famílias que residem no acampamento, a confraternização contou com a presença de pessoas de várias regiões do estado, colaboradores e simpatizantes da luta pela terra. Durante a comemoração foi realizada a feira de sementes crioulas e de alimentos, além de outras atividades.

Para a acampanda Roseli Koralevski, o grande motivo da comemoração não era a festa em si, mas, o fato das famílias provarem que podem viver na terra de forma agroecológica, saudável e comunitária.   

“Da pra viver de forma agroecológica e produzir orgânico, claro que dá. Eu já vivia assim, da terra, mas agora, morando aqui aprendo mais ainda, a responsabilidade é maior, mas tiramos de letra porque não é só eu, são famílias vivendo daqui e produzindo vida saudável, são várias famílias que podem comemorar mais um ano de resistência, a gente tem muito pra comemorar” afirmou.

Hoje a comunidade conta com Cooperativa dos Trabalhadores da Reforma Agrária Maria Rosa do Contestado (CMRC), para comercialização e auto sustentação das famílias.  O acampamento produz aproximadamente três toneladas de alimentos orgânicos, como verduras, hortaliças, grãos e legumes por ano. Devido a grande produção, em 2016 alguns serviram de  doações para as escolas da região. 

Os Sem Terra ainda contam com um projeto que está em construção em parceria com a Incubadora de Empreendimentos Solidários (IESOL) do município de Ponta Grossa, que dá assistência na parte formal e prática na preparação, produção e comercialização de morangos orgânicos. 

As estufas para produção da cultura serão todas feitas de bambu e materiais mais resistentes e menos ofensivos a natureza.

“Além de produzir alimentação saudável, a comunidade produz alfabetização, formação política e maior participação das famílias”, completa Koralevski.

Dois anos de história

A ocupação da área aconteceu em 24 de agosto de 2015, onde cerca de 150 famílias do Sem Terra entraram na fazenda Capão do Cipó, de propriedade da União, mas que na época estava sendo utilizada ilegalmente pela Fundação ABC, uma empresa de pesquisas filiada as cooperativas Castrolanda, Arapoti e Batavo.

Desde abril de 2014 havia um pedido de reintegração de posse contra a fundação ABC, com multa diária de R$ 20 mil. 

Mas, somente após a ocupação da área pelo MST, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) declarou interesse social para fins de reforma agrária, com o projeto de transformar as terras em assentamento, com referência na produção agroecológica e familiar.