30 anos de enfrentamento ao analfabetismo

Ao longo destes 30 anos, o MST na Bahia tomou a decisão de lançar uma “Campanha de Erradicação do Analfabetismo” nas áreas de Reforma Agrária.
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Por Coletivo de Comunicação do MST na Bahia
Da Página Nacional do MST

Conquistar e construir a Reforma Agrária Popular significa também ocupar o latifúndio do saber, resgatar e valorizar os conhecimentos tradicionais e popularizar a ciência.

Foi pensando nisso, que ao longo destes 30 anos, o MST na Bahia tomou a decisão de lançar uma “Campanha de Erradicação do Analfabetismo” nas áreas de Reforma Agrária, com o objetivo de envolver assentados, acampados, militantes, dirigentes e, em especial, os estudantes.

Analfabetismo no Brasil

De acordo com dados apontados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), atualizados em 2013, o Brasil apresenta índices alarmantes de pessoas analfabetas.

Segundo o instituto, nestes 517 anos de história o país possuí ainda 8,3% da população analfabeta, ou seja,13 milhões de pessoas ainda não conhecem a leitura e escrita. “Essa realidade está intimamente ligada ao processo de desigualdade social e econômica”, explica Eliane Kai, do coletivo de educação do MST na Bahia.

“Sim, Eu Posso”

Em 2011, uma iniciativa que o MST tem construído para se contrapor a essa realidade, foram as turmas do projeto de erradicação do analfabetismo “Sim, Eu Posso”, que utiliza um método cubano de aprendizagem.

As primeiras turmas tiveram início em sete áreas integradas que fazem parte dos projetos de assentamentos e acampamentos do MST. Em 2015, foram realizadas as formaturas de 186 jovens, adultos e idosos, que em três meses aprenderam a ler e escrever.

Para seu João Roberto, um dos estudantes da primeira turma do Assentamento Bela Manhã, localizado no município de Teixeira de Freitas, a iniciativa tem mudado vidas.

“Quando entrei não sabia nada, pois nunca estudei. Só conhecia a enxada, a foice e o facão, mas hoje, graças a Deus, estou muito satisfeito, muito alegre. Já sei escrever meu nome e não tenho mais vergonha quando alguém pede para assinar algum documento. Antigamente eu colocava o dedo. Hoje eu coloco meu nome”, conta emocionado.

No início de 2016, a campanha para erradicar o analfabetismo amplia sua atuação para 11 áreas que integram a equipe que trabalha com o projeto “Assentamentos Agroecológicos II” e em 2017 conseguem alfabetizar 340 pessoas.

Maria Eliete da Silva, do Assentamento Paulo Kageyama, em Eunápolis, acredita que foi um grande desafio os meses de estudo, tendo em vista que todos os dias haviam coisas novas para se aprender.

“Se perdêssemos um dia, parecia que perdíamos uma eternidade. O gratificante foi ter conseguido ler uma placa de ônibus e descobrir o caminho dele sem perguntar a ninguém”, comenta Silva.

Ao avaliar todo processo de formação e estudo, a educadora Celia Marques, pontua que o importante é chegar ao final e ver os trabalhadores Sem Terra lendo e escrevendo seu próprio nome. “Não tem explicação, tenho apenas a certeza que vale apena estar numa sala de aula, aprender com esse novo olhar”.

Outras iniciativas

O “Sim, Eu Posso” se soma a diversos outros projetos, que somados ao método pedagógico que o MST tem defendido no decorrer da história, têm fortalecido a luta contra o analfabetismo.

Algumas iniciativas se destacam, como as turmas de Educação de Jovens e Adultos (EJA), o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), “Pé na Estrada”, Todos pela Afalbetização (TOPA) e o “Herdeiros da Terra”.

A implementação dos projetos e programas tem contribuído na luta por uma educação do campo de qualidade e na construção de homens e mulheres livres.